Bloco na Ilha do Governador reúne inconformados com o fim do carnaval

Publicado em 10/02/2016 - 14:56 Por Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

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Um grupo de amigos inconformados com o fim do carnaval reuniu-se neste ano para estender a folia até a Quarta-Feira de Cinzas na Ilha do Governador e fundou o bloco Já Tô Com Saudade, que desfilou pela primeira vez na manhã de hoje (10) na Praia da Bica, no bairro Jardim Guanabara, na zona norte do Rio.

Em seu primeiro ano, o cortejo reuniu um público pequeno, composto principalmente por moradores de áreas próximas e colaboradores da organização. O presidente do bloco, Dimas Santos, de 20 anos, disse que a intenção era atrair a população local, acostumada aos blocos menos lotados que os do movimentado carnaval do centro e da zona sul do Rio.

"Só saio no carnaval da Ilha, porque aqui tem muito mais tranquilidade. Aqui posso levar minha esposa e minha enteada, que só tem 2 anos. Ela vai no colo mesmo, não tem problema", afirmou o auxiliar de loja.

A gerente de contas Ana Carolina Bettamio, de 42 anos, ressaltou que, na correria da organização, não deu tempo de preparar uma camisa para os integrantes do bloco, e o jeito foi pedir ajuda à comunidade. A Escola de Samba Acadêmicos do Dendê, da Ilha do Governador, emprestou partes de fantasias, e a Acadêmicos de Santa Cruz, na zona oeste, também colaborou.

"O carnaval da Ilha é mais seguro, as pessoas se conhecem, e o público é bem familiar. Cheguei cedo, e as pessoas que estavam caminhando na praia já foram perguntando a que horas ia sair [o bloco]".

Enquanto Dimas e Ana Carolina arrumavam os últimos detalhes do desfile, que saiu cerca de duas horas e meia após o horário marcado para a concentração, as amigas Tawany Rodrgues, de 25 anos, e Anna Carolina Bendia, de 26, já estavam fantasiadas de gatinha e tigresa, esperando na mureta da Praia da Bica. Pela animação, o carnaval pra elas também já estava deixando saudade.

"O carnaval tem poucos dias, e a gente tem que aproveitar o máximo, porque depois, só no ano que vem. Tem que ter pique", disse Tawany, que curtiu o carnaval de rua nos quatro dias e dividiu sua agenda de blocos entre a Ilha e a zona sul. "Nos [blocos] da Ilha, a gente se sente mais à vontade, porque fica mais perto de casa e dá para aproveitar mais e voltar em segurança. Em alguns lá de fora, que são megaconhecidos, a gente curtiu também."

Para a dupla, o carnaval só termina domingo (14), com o desfile do Monobloco, no centro do Rio. Para evitar repetir as fantasias, a estratégia de Tawany e Anna Carolina foi escolher pequenos acessórios temáticos, como os arcos de cabelo com orelhas de felino que usavam hoje enquanto esperavam. "A gente não descansa, não. Enquanto não começa, a gente já vai bebendo", brincou Tawany.

A maior parte dos foliões, no entanto, demorou a chegar, o que preocupava Ivanilda Quirino, de 49 anos, e Milton Ferreira, de 58 anos. Cozinheira e encarregado de manutenção em uma escola pública na Praia da Bica, eles aproveitaram o carnaval deste ano para conseguir uma renda extra vendendo bebidas nos blocos da zona sul da cidade.

Como não havia grandes blocos na cidade hoje, o casal levou a filha de 11 anos para se divertir por ser mais tranquilo vender e tomar conta dela ao mesmo tempo. "Aqui é mais tranquilo. Levar pra lá, sem condições, em um bloco com 30 mil pessoas. Nós ralamos muito, mas valeu a pena", afirmou Ivanilda.

Edição: Nádia Franco

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