Cordão do Boitatá chega aos 20 anos com criatividade de sobra

O bloco fez homenagem a Aldir Blanc, Chico Buarque, Hermeto Pascoal e

Publicado em 07/02/2016 - 16:57 Por Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil* - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atrai milhares de pessoas na praça XV, centro da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil )

O bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atraiu milhares de pessoas à Praça XV, no centro do RioTânia Rêgo/Agência Brasil

As tradicionais marchinhas de carnaval, frevo, choro e outros ritmos tradicionais embalaram os foliões que lotaram a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro. Uma multidão compareceu hoje (7) para comemorar os 20 anos do bloco e assistir shows de artistas como Teresa Cristina, Alfredo Del Penho e Pedro Miranda, em uma homenagem do Cordão do Boitatá a Aldir Blanc, Chico Buarque, Hermeto Pascoal e os 15 anos da Escola Portátil de Choro – que forma músicos.

Rio de Janeiro - Bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atrai milhares de pessoas na praça XV, centro da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil )

O bloco é ponto de encontro dos estudantes de engenharia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Tânia Rêgo/Agência Brasil

Conhecido por reunir pessoas com fantasias irreverentes, o bloco é ponto de encontro de estudantes de engenharia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Desde 2011, eles se fantasiam de smurfs (personagens de desenho infantil), com os corpos pintados de tinta guache azul. O organizador Rafael Paes Leme reuniu 50 colegas este ano. “Cada um tem um bloco preferido, mas o Cordão do Boitatá é sagrado, é muito divertido ver todo mundo pintado”, disse.

Preparados para 7h de shows que só terminam no fim da tarde, com as bençãos de São Sebastião, padroeiro da cidade representado no estandarte no bloco, um outro grupo fez paródia com a série de TV “Orange is the new black” e levou mulheres vestidas de presidiárias e rapazes de agentes carcerários. Um outro, prestou homenagem o apresentador de TV Chacrinha e tinha até uma chacrete, como ficaram conhecidas as assistentes de palco do comunicador.

As mudanças no sistema de transporte público do Rio, que teve linhas canceladas para reorganização de trajetos também virou brincadeira. Um grupo de amigos se fantasiou de “onde está o Wally ônibus”, em referência ao personagem Wally, do ilustrador britânico Martin Handford, escondido sempre nas páginas dos livros, em meio a uma multidão.

“Nesse momento, há uma grande dificuldade de mobilidade na cidade: os ônibus sumiram. Queremos mostrar ao prefeito [Eduardo Paes] a dificuldade da população em encontrar o ônibus certo, depois dessa supressão das linhas”, explicou o professor Diomário da Silva.

Rio de Janeiro - Bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atrai milhares de pessoas na praça XV, centro da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil )

Marchinhas tradicionais embalam foliões no Cordão do BoitatáTânia Rêgo/Agência Brasil

Alegria e animação, marcas registradas do bloco, contagiaram também os estrangeiros. Morando na cidade há dois anos, a engenheira espanhola Sara Fraile, conta que em seu país, as Ilhas Canárias, há um carnaval parecido, com blocos e fantasias. Mas ela não quer voltar para lá. “Não tenho saudade, não. Aqui no Rio é bem melhor, mais animado”, comparou.

O Boitatá é um dos mais importantes blocos da cidade e teve participação ativa na revitalização do carnaval de rua. Promove encontro entre gerações de músicos e faz um passeio por ritmos brasileiros. Encanta cariocas e turistas de todo o país, diz a curitibana Camila Brizotto.

“O bloco é bem tradicional, homenageia as grandes personalidades do samba de raiz, além de ser um bloco no centro, que é uma parte histórica da cidade do Rio."

 

Rio de Janeiro - Bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atrai milhares de pessoas na praça XV, centro da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil )

O tradicional Boitatá fica concentrado na praça XVTânia Rêgo/Agência Brasil

Mesmo querido, os organizadores não encontraram patrocinadores para cobrir os custos e esperam sensibilizar os foliões por meio de um financiamento coletivo na internet até domingo (14). “Esse ano foi muito difícil montar o palco, estamos com as contas no vermelho, esperando que a vaquinha virtual funcione”, lembrou Flavia Breton, produtora do bloco.

Boi Tolo

Antes do Boitatá, saiu da Igreja Candelária, no centro, o Cordão do Boitolo, que este ano foi até a Praça Mauá, um percurso de quatro quilômetros. O bloquinho reuniu às 7h dezenas de foliões que curtem a espontaneidade do carnaval e seguem sem trajeto pré-definido.

Criado há 10 anos, o Boitolo surgiu do encontro de foliões que chegavam para o Boitatá em um ano que o bloco não saiu. Frustrados, um grupo resolver improvisar e criou ali mesmo o Boitolo. Eles não usam carro de som e os músicos tocam instrumentos de sopro e percussão.

Rio de Janeiro - Bloco Cordão do Boi Tolo sai pelas ruas do centro da cidade sem carro de som, com músicos tocando marchinhas com instrumentos de sopro e percussão (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O Bloco Cordão do Boi Tolo saiu sem carro de som, com músicos tocando marchinhas com instrumentos de sopro e percussão Tânia Rêgo/Agência Brasil

“O Boitolo é essa coisa totalmente espontânea, a gente não sabe o que vai acontecer”, disse a jornalista Flávia Dias, que segue o bloco há 3 anos anos. “ Aí, você passa o dia todo, porque ele vai para todo o Rio de Janeiro. Vem para cá [Pedra do Sal), vai para o MAM [Museu de Arte Moderna], teve um ano que chegamos até [a Praia do] Arpoador, na zona sul”, revelou.

*Colaborou a repórter do Radiojornalismo Joana Moscatelli

Edição: Maria Claudia

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