Manchas de óleo ameaçam o equilíbrio de reserva litorânea em Sergipe, diz Ibama

Publicado em 19/02/2016 - 18:15 Por Maiana Diniz - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Manchas Reserva

Ibama confirma placas de óleo ao longo de 17 quilômetros de areia na praia da Reserva Biológica de Santa Isabel, em Sergipe  Banco de Imagens/Ibama 

Um paraíso para as tartarugas olivas pode estar ameaçado no litoral de Sergipe.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) confirmou a presença de placas de óleo ao longo de 17 quilômetros de areia na praia da Reserva Biológica de Santa Isabel, em Pirambu, Sergipe. A vistoria do órgão foi feita na última quarta-feira (17), após o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor da reserva, receber um comunicado oficial da Petrobras sobre a presença de óleo na areia.

A quantidade e a origem do óleo ainda são desconhecidas. Segundo o Ibama, as placas de petróleo têm até 15x15 centímetros aproximadamente. Os técnicos coletaram amostras do material, também encontrado ao longo do litoral entre a foz dos rios Japaratuba e Sergipe.

De acordo com o instituto, técnicos ambientais fizeram um sobrevoo na região ontem (18) e não identificaram  manchas no mar. Outras vistorias devem ser feitas na costa nos próximos dias.

O estado de Sergipe tem grande concentração de plataformas de produção petrolífera. São 25 instalações em 163 quilômetros de costa, todas da Petrobras.

A estatal informou não ter identificado anomalia nos campos de petróleo próximos, portanto a mancha é considerada “órfã” até que os testes identifiquem a origem. Segundo especialistas, o óleo também pode ter vazado ou ter sido liberado por navios em alto mar e chegado até o litoral brasileiro. 

Ameaça ambiental

A Reserva Ambiental de Santa Isabel tem 45 quilômetros de extensão, com praias desertas, lagoas, manguezais e dunas com vegetação de restinga. O local preserva o ecossistema litorâneo e abriga a mais importante área de reprodução das tartarugas olivas no país. Até a manhã desta sexta-feira (19), uma tartaruga foi encontrada morta, mas ainda não é possível afirmar a causa da morte. O animal foi encaminhado para necrópsia.

O coordenador do projeto Tamar na região, Cesar Coelho, está preocupado com o impacto do óleo nos ninhos de tartaruga. Ele está acompanhando as ações de coleta e monitorando possíveis impactos aos ecossistemas. “A maior concentração de óleo chegou justamente onde há a maior quantidade de ovos de tartarugas. Se os filhotes nascerem, e estamos na época, provavelmente vão morrer”, disse.

O Tamar atua há 25 anos na área e acompanha o período de desova, que vai de setembro a março. “De setembro a dezembro, as fêmeas botam os ovos. De dezembro a março, os filhotes nascem. Estamos no pico dos nascimentos”, lamentou. Coelho disse que ainda é cedo para estimar o estrago.

Sobre as providências para lidar com o problema, o Ibama informou que acionou a Marinha e a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP), em cumprimento ao Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo (PNC). Até o momento, foram coletados 5 metros cúbicos de resíduos contaminados por óleo.

Cesar Coelho contou que a Petrobras está com equipes na reserva fazendo a limpeza da praia, recolhendo o material e levando para estações de tratamento da empresa. “As áreas com maior concentração já tiveram o óleo recolhido, mas não sai tudo”, informou. Por exigência do Ibama, a Petrobras monitora a região para evitar contaminações e danos ambientais. 

Edição: Lílian Beraldo

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