Líder de ato em BH diz que manifestação foi "recado de que há resistência”

Na capital mineira, manifestantes se reuniram nas ruas do centro

Publicado em 18/03/2016 - 22:49 Por Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil - Belo Horizonte

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participam de ato no centro de Belo Horizonte

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participam de ato no centro de Belo Horizonte Léo Rodrigues/Agência Brasil 

As ruas do centro de Belo Horizonte foram tomadas de vermelho na noite de hoje (18) durante o ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Manifestantes vestidos em sua maioria da cor que simboliza a esquerda entoavam palavras de ordem contra o que acreditam ser uma tentativa de golpe.

A presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, fez um balanço positivo da manifestação. "Foi um claro recado de que há resistência. Um aviso aos partidos e a ala do Judiciário que defendem o golpe que nós vamos resistir. Vamos buscar caminhos dentro da democracia pra resolver esse impasse", disse.

Segundo Beatriz, os recentes vazamentos de ligações grampeadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de pessoas próximas a ele são ilegais. "Por que interessa com quem a mulher do Lula conversa ao telefone? Como de repente isso vira manchete de jornal? É inacreditável”, criticou.

O ato começou por volta das 16h, com concentração na Praça Afonso Arinos, região central de Belo Horizonte, de onde saiu até a Praça da Estação. Cartazes contra o juiz Sérgio Moro e a TV Globo dividiam espaço com bandeiras do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Em frente a praça, na sacada do edifício da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estudantes exibiram cartazes em apoio às manifestações.

Líderes da CUT-MG, do MST e de outros movimentos sociais dividiram o microfone nos carros de som que acompanhavam o trajeto. "Estamos vendo direitos individuais sendo violados. Trouxemos aqui uma carta assinada por diversos promotores que não concordam com a ilegalidade", disse o promotor do Ministério Público de Minas Gerais Gilvan Alves Franco, um dos oradores.

A crítica à atuação do juiz Sérgio Moro deu o tom da maioria dos discursos. “Se nós violarmos a Constituição de 1988, também perdemos as bases do Estado Democrático de Direito. O Judiciário é um poder autônomo, porém não pode ser partidário", disse o cientista político Lucas Cunha.

Participação

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participam de ato no centro de Belo Horizonte

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participam de ato no centro de Belo Horizonte Léo Rodrigues/Agência Brasil 

Além de apoiadores do governo, pessoas que têm críticas ao Executivo, mas que nem por isso apoiam o impeachment, também aderiram à manifestação desta sexta-feira na capital mineira.

A funcionária pública Maria Lina Soares Souza, 66 anos, lembra que viveu a ditadura militar, participou da campanha das Diretas Já, se entusiasmou com o surgimento do PT e mais tarde se decepcionou com o partido.

"Me frustrei com as falhas éticas de alguns políticos do partido. Mas é inegável as conquistas deste governo e quando se trata de defender o Estado Democrático de Direito eu viro petista de novo", disse.

A contadora Cláudia de Souza e Silva, 52 anos, criticou os que esperam a renúncia da presidenta Dilma Rousseff. "É uma mulher que foi torturada na época da ditadura militar e não delatou nenhum companheiro. Então não esperem que ela vá esmorecer. Estamos firmes na luta.”

O ato de BH também teve a presença de prefeitos de municípios mineiros e outros políticos, como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT), e a deputada federal Jô Morais (PCdoB). Por outro lado, o governador Fernando Pimentel (PT) não compareceu. Ele foi representado pelo secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais, Nilmário Miranda, que acusou a oposição de usar o aparato judiciário para fazer luta política.

"As elites que comandaram os países há séculos não conseguem conviver com quem tem outros projetos. Já vivemos outros momentos semelhantes. O golpe de 1964 foi isso”, comparou.

Segundo a Polícia Militar, 15 mil pessoas participaram da manifestação. Ao fim do ato, um evento cultural: músicos mineiros como o rapper Flávio Renegado e a sambista Aline Calixto assumiram o trio elétrico.

Edição: Luana Lourenço

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