Operando desde terça, Hospital da Mulher do Recife é inaugurado com 150 leitos

Publicado em 13/05/2016 - 16:41 Por Sumaia Villela - Correspondente da Agência Brasil - Recife
Atualizado em 13/05/2016 - 19:43

Hospital da Mulher do Recife

O Hospital da Mulher do Recife tem 150 leitos e está habilitado a realizar mais de 67 mil procedimentos por mês, dos quais 400 partos e 250 cirurgiasDivulgação/Andréa Rêgo Barros/Prefeitura do Recife

Um hospital público para atender somente a população feminina. Essa é a proposta do Hospital da Mulher do Recife (HMR), uma nova instituição de grande porte localizada no bairro do Curado, na capital pernambucana. A unidade começou a funcionar na terça-feira (10), mas foi inaugurada oficialmente hoje (13) pelo prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), e pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Os serviços disponíveis no hospital vão além do atendimento materno-infantil. Englobam ginecologia, cardiologia, mastologia, endocrinologia, psiquiatria, entre outras especialidades de saúde da mulher. A unidade tem 150 leitos e está habilitada a realizar mais de 67 mil procedimentos por mês, dos quais 400 partos e 250 cirurgias. Entre as estruturas criadas estão três salas de parto humanizado, com banheira para realização do procedimento na água.

De acordo com o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correira, a unidade – a primeira maternidade de alto risco do município e o primeiro hospital de grande porte ligado à prefeitura - vai aumentar em 30% a 40% a capacidade do município de ofertar partos. Há também a meta de desafogar as unidades de saúde já existentes que oferecem exames e outros procedimentos especializados.

“Nos primeiros dias a gente já viu as mulheres falando da espera em fazer exames, que é uma situação não só do Recife, mas de outras regiões do Brasil, e quando a gente oferta esses serviços vai na veia das necessidades da população. Nossa expectativa é que essa oferta possa diminuir filas e acelerar diagnósticos, possibilitar melhoria dos indicadores de saúde da mulher”, planeja Jailson Correia.

Hospital da Mulher do Recife

Na primeira fase, o hospital realizará mensalmente 11,8 mil exames e 5 mil consultasDivulgaação/Andréa Rêgo Barros/Prefeitura do Recife

A oferta de exames no Hospital da Mulher foi um alívio para a funcionária de serviços gerais Lindomar Marina Lino Bezerra, 47. Há dois anos ela tentava uma vaga para uma ultrassonografia abdominal, solicitada em ocasiões diferentes. Da última vez, conseguiu que o posto de saúde próximo à casa dela a encaminhasse para a nova unidade. Lindomar esperou dois meses para realizar o procedimento.

O Hospital da Mulher integra ainda outros serviços ligados indiretamente à saúde. Um deles é o Centro de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência, onde será fornecido atendimento psicológico, médico e de assistência social. Além das providências emergencias, a proposta é ajudar a vítima a sair do ciclo de violência. Um legista também vai trabalhar no local para evitar que a mulher precise ser levada ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer os exames comprobatórios de agressão física ou sexual.

Outro espaço é a Casa das Mães, uma hospedaria com 20 leitos para acomodar mulheres cujos bebês recém-nascidos estejam internados. Assim, podem acompanhar de perto a melhora dos filhos e estabelecer o vínculo com a criança nessa fase inicial.

Por enquanto, nem todos os serviços estão disponíveis. O funcionamento ocorrerá de forma gradativa, de acordo com a prefeitura. Na primeira fase, o HMR vai realizar mensalmente 11,8 mil exames e 5 mil consultas, das quais 3,5 mil especializadas. O encaminhamento das mulheres para o hospital é feito por agendamento, via Unidade de Saúde da Família (USF). Para atendimento emergencial, a paciente precisa ir primeiro a uma das três maternidades de baixo risco da prefeitura e, caso seja necessário, as institições encaminham para lá.

Custeio

O Hospital da Mulher entra em funcionamento sem que o orçamento completo para o funcionamento da unidade esteja garantido. Atualmente, a prefeitura disponibiliza R$ 2 milhões mensais para custeio e, de acordo com o secretário Jailson Correira, o Ministério da Saúde deve participar com a mesma quantia. “Já temos sinalização. É parcial, mas é uma antecipação do teto de média e alta complexidade no valor de 2 milhões ao mês, o que certamente ajudará o início das atividades do Hospital”, afirma.

O necessário para que todos os serviços sejam ofertados – aqueles que ainda não estão funcionando, de acordo com planejamento feito pelo município – é, segundo Correia, R$ 6 milhões, com 60% a 70% do total do governo federal, por meio Sistema Único de Saúde (SUS). “Assim que a oferta dos serviços do hospital for implantada, em etapas, como está programado, vamos procurar o Ministério da Saúde para fazermos a habilitação e o credenciamento desses serviços”, adiantou o gestor.

Além do custeio mensal, o governo federal doou o terreno de 30 mil² para construção do Hospital da Mulher do Recife. A área pertencia ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O senador Humberto Costa (PT), que discursou durante a inauguração, afirmou que essa foi a primeira parceria firmada entre a gestão do prefeito Geraldo Júlio (PSB) e a de Dilma Roussef (PT). A construção do prédio e a compra de equipamentos também tiveram recursos federais. Dos R$ 118 milhões investidos, R$ 48,8 milhões foram do Ministério da Saúde, além de emendas parlamentares da bancada federal de Pernambuco direcionadas à criaçao da unidade.

O gerenciamento do Hospital da Mulher do Recife é feito pelo Hospital do Câncer de Pernambuco, por meio da Organização Social de Saúde (OSS), que venceu a licitação. O contrato é de dois anos, mas o convênio poderá ser renovado pelo mesmo período por até 10 anos.

Assim, 457 profissionais de nível fundamental, médio, técnico e superior que vão trabalhar no hospital foram contratados por meio de seleção simplificada, e não concurso público, já que serão funcionários da OSS e não da prefeitura. Ao todo, são 1.108 trabalhadores atuando no HMR.

Edição: Armando Cardoso

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