Centrais sindicais fazem ato no Rio contra precarização do trabalho

Publicado em 16/08/2016 - 20:26 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Diversas centrais sindicais fizeram hoje (16) o Dia Nacional de Mobilização e Luta por Emprego e Garantia de Direitos, com atos em várias cidades. No Rio de Janeiro, a mobilização ocorreu no fim da tarde na Praça Mauá, em meio à movimentação de turistas e torcedores no Boulevard Olímpico.

O objetivo do ato nacional é “defender os direitos da classe trabalhadora”, que, segundo os organizadores, “estão sendo atacados pelo Congresso Nacional e pelo governo federal”, com risco inclusive de demissões em massa.

A presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, disse que atualmente tramitam no Congresso Nacional 58 projetos de lei que, segundo ela, “atacam os direitos” dos trabalhadores. A presidenta cita a reforma trabalhista que pretende instituir o negociado sobre o legislado, que “rasga a CLT e o arcabouço jurídico de proteção dos trabalhadores”, o PL 30/2015 que amplia a terceirização para todas as atividades, inclusive a atividade-fim das empresas, e a reforma da previdência.

“Isso é muito sério, muito grave. Você tem uma reforma previdenciária que não tem sido dialogada com a sociedade brasileira, onde querem igualar homem e mulher, estabelecendo a idade mínima de 70 anos, é um absurdo, considerando que a realidade do brasileiro, ele começa a trabalhar muito cedo para ajudar na renda familiar. [Considerando a expectativa de vida de 75 anos] então você tem que trabalhar até morrer, é isso mesmo?”, questiona.

Centrais sindicais fazem ato no Boulevard Olímpico contra precarização do trabalho

O Dia Nacional de Mobilização e Luta por Emprego e Garantia de Direitos teve atos em várias cidadesAkemi Nitahara/Agência Brasil

Desemprego

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Carlos Rocha, explicou que o setor foi fortemente afetado pela crise econômica e denúncias de corrupção envolvendo grandes empreiteiras”.

“A [Operação] Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro, tem que condenar as pessoas, os CPFs, e não os CNPJs. Em vez de condenar o dono da empresa ou os deputados, que são os corruptos, os empresários e políticos, quando condena a empresa, os trabalhadores que são punidos. Temos uma ampla demissão de trabalhadores metalúrgicos no Brasil inteiro. No dia 25, a gente está fazendo um movimento em Niterói, porque dos 14,5 mil trabalhadores do setor naval que estavam empregados naquela cidade, com empregos diretos, só temos 2 mil trabalhando hoje. Em pouco mais de um ano foram perdidos 12 mil empregos. É por isso que a gente está na rua, isso não pode continuar”, disse.

Bancários

No Rio, o ato coincidiu com o lançamento da campanha salarial dos bancários. Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, a categoria quer discutir com a sociedade a função social dos bancos.

“Os cinco maiores bancos do país já lucraram no primeiro semestre mais de R$ 27 bilhões. Com a arrecadação de tarifas e serviços bancários, eles conseguiram R$ 32 bilhões. Ser cliente de banco no Brasil é caro, custa muito dinheiro. A maioria dos bancos paga toda a sua folha de funcionários somente com a arrecadação de tarifas e prestação de serviços. Aí a gente pergunta: que serviços? Porque hoje o cliente bancário é direcionado para os canais virtuais de atendimento”.

Adriana disse que muitos serviços que antes eram prestados diretamente pelos bancos foi deslocado para correspondentes bancários, lotéricas, correios e até supermercados. Com isso, em um ano, a categoria perdeu 8 mil postos de trabalho no país, com demissões que não são repostas.

“Para quê serve banco? É só para lucrar? Para nós, banco tem que ter a responsabilidade com a manutenção dos empregos, tem que gerar emprego e renda, tem que ter responsabilidade com a construção da sociedade, financiando as micro e pequenas empresas com juros mais baixos. Porque os juros no nosso país é altíssimo, é um dos maiores do mundo, o spread bancário no Brasil é um dos maiores que existem, então, se a gente comparar com outros países, banqueiro ganha muito dinheiro”, disse.

Edição: Fábio Massalli

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