América Latina precisa melhorar capital humano para crescer, diz relatório

Publicado em 16/11/2016 - 16:31 Por Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Para aumentar a produtividade e fazer a economia crescer, a América Latina precisa melhorar e aumentar o seu capital humano. A conclusão é do Relatório de Economia e Desenvolvimento 2016, divulgado hoje (16) pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Segundo o documento, a região ainda mostra atraso na formação de seus habitantes em relação a outros países.

Um exemplo é que a população adulta latino-americana tem em média entre sete e oito anos de estudo ante 11 anos nos países mais ricos. Além disso, apenas um em cada três alunos latino-americanos atingiram níveis mínimos em matemática no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa),  enquanto essa fração é de 4 em cada cinco em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Outro dado é que 20 milhões de jovens da região – 20% do total – não estudam nem trabalham e quase metade dos trabalhadores atuam no setor informal, que oferece empregos de baixa qualidade e concentra empreendimentos que agregam pouco à produtividade e ao crescimento econômico.

O relatório diz que as qualificações que formam o capital humano não se restringem às adquiridas na escola somente e destaca três tipos de habilidades: cognitivas, socioemocionais e desenvolvimento físico. De acordo com o CAF, a primeira infância e a juventude são os dois momentos da vida mais propícios para desenvolver as qualificações

Segundo o documento, a influência da família é crucial desde a etapa pré-natal até a transição para a vida adulta, enquanto a escola começa a contribuir na infância e continua até a juventude. O mercado de trabalho e o ambiente físico e social também afetam a formação.

Com relação ao desenvolvimento físico, o relatório destaca que a América Latina fez progressos importantes nos últimos 50 anos, como em expectativa de vida e mortalidade infantil que “já alcançaram os níveis dos países de renda mais alta”. No entanto, para o CAF, ainda há itens que requerem melhoria, como a desnutrição crônica de populações vulneráveis, que afeta uma em cada 10 crianças latino-americanas.

No que se refere à habilidade socioemocional, o relatório aponta que a queda no desempenho ao longo da prova do Pisa revela uma falta de motivação, perseverança ou capacidade de concentração dos estudantes latinos, que são fatores associados ao seu desenvolvimento socioemocional.

“Em todos os países da América Latina, a queda no desempenho é muito maior que nos países de maior renda. Os estudantes latino-americanos se equivocam na primeira pergunta 25% a mais que seus pares em países de alto desempenho no Pisa, como Finlândia, Singapura e Japão e se equivocam 50% mais ao finalizar o exame”, ressalta o documento.

Fundado em 1970, como Corporação Andina de Fomento, da qual manteve a sigla, o CAF é formado por18 países-membros da América Latina, Caribe e Europa, em associação com 14 bancos privados.

Edição: Augusto Queiroz

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