Santa Catarina se destaca no futsal feminino do JUBs com investimento de base

Publicado em 09/11/2016 - 20:07 Por Vinicius Lisboa - Enviado especial* - Cuiabá

Imagine um time de futsal com três campeãs mundiais universitárias e duas campeãs mundiais da seleção principal. Agora, inclua que este time é treinado pelo técnico da atual seleção universitária campeã mundial. Para terminar, lembre que ele ganhou os dois últimos títulos do futsal feminino dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) e busca o tricampeonato consecutivo. Essa é a equipe da Unochapecó, que colhe os frutos de investimentos na base feitos no futsal feminino em Santa Catarina há mais de dez anos.

Auxiliar técnico do futsal feminino da Unochapecó e diretor de futebol da seleção universitária brasileira, João Coelho conta que o estado têm clubes de referência procurados por atletas de outros lugares do país e que as escolinhas para jogadoras catarinenses recebem alunas a partir dos 9 anos.

“Temos clubes de referência no adulto e clubes que trabalham só as bases, como em Lages, Balneário Camboriú e Itajaí. Meninas de outros lugares do Brasil, quando se destacam com 14, 16 anos, procuram os clubes. Nem são eles que procuram as atletas.”

A busca de famílias e treinadores para inserir suas meninas no futsal catarinense conta com o suporte de alguns clubes que oferecem moradia e a expectativa de vaga nas universidades por meio de bolsas para atletas. “Começamos a trabalhar em 2004, mas o futsal começou a evoluir mesmo, taticamente, a partir de 2006”, lembra Coelho.

Jogadora da Unochapecó comemora classificação para a semifinal do JUBs no futsal feminino

Jogadora da Unochapecó comemora classificação para a semifinal do JUBs no futsal femininoMarcello Zambrana/Fotojump/CBDU

O futsal feminino brasileiro conquistou os últimos títulos mundiais com as seleções universitária e principal, e 10 das 14 atletas que formavam a seleção vinham dos clubes de Santa Catarina, segundo Coelho. Eleita duas vezes a melhor jogadora de futsal do mundo, Amanda Chrisostomo, a Amandinha, também joga o estado.

O técnico da Unochapecó, Eder Popiolski, destaca que as parcerias entre clubes de base e universidades abastece o futsal do estado. Como exige que as atletas tenham até 24 anos, o esporte universitário requer constante renovação “Não é de hoje. Nos últimos dez anos, Santa Catarina tem dominado o cenário nacional. A integração com a universidade permitiu que essas atletas representem um estado que é uma referência nacional no futsal.”

Da quadra para o campo

O crescimento do futebol feminino de campo, segundo Popiolski, tem funcionado como um ímã para atrair as atletas do futsal, o que pode quebrar a corrente de renovação construída nos últimos anos. “Hoje, nossa equipe sub-17 já atua no futebol”, conta.

Patrocínios mais promissores e competições nacionais e internacionais mais organizadas são os principais fatores que levam as atletas a trocar a quadra pelo campo. “Diante dessa dificuldade, tem meninas que estão hoje optando pelo futebol de campo, e a previsão é que tenhamos dificuldade de renovação em função da realidade atual”, analisa o treinador.

Luísa Borges, 24 anos, é capitã da equipe de futsal da Unochapecó e estava na seleção brasileira principal na conquista do último título mundial. Ela não descarta uma troca para o futebol de campo, mas diz que a transição não é tão simples assim.

“A gente vê na TV e acha que é fácil, mas o futsal é mais rápido e têm as suas técnicas próprias. Mas são desafios que podem acontecer, com certeza.”

Classificação

A Unochapecó garantiu hoje uma vaga na semifinal do JUBs com vitória sobre a Unifor, do Ceará. Apesar das credenciais, o caminho do time catarinense não foi fácil e a equipe cearense terminou o primeiro tempo vencendo por 1 a 0, com um gol marcado faltando apenas seis segundos para o intervalo. No segundo tempo, o time catarinense pressionou e marcou três gols, sendo o da virada marcado pela também campeã mundial Caroline da Silva, 23 anos.

“Foram duas equipes grandes e jogos assim sempre se definem nos detalhes. Quem acerta mais, leva, e conseguimos acertar”, disse Caroline, que considera o JUBs uma das competições mais importantes do esporte nacional. “Nos preparamos bem, somos a equipe a ser batida hoje, então, a preparação foi ao máximo para vir aqui e fazer o nosso papel.”

O confronto acirrado não foi à toa. A Unifor também já foi campeã do JUBs e conta com o técnico da seleção brasileira principal, Wilson Sabóia, e também com Poliana Inereu, também campeã pela seleção.

 

*O repórter viajou a convite da organização dos Jogos Universitários Brasileiros 

Edição: Luana Lourenço

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