ONG faz ato em Copacabana contra mortes de crianças por balas perdidas no Rio

Publicado em 23/01/2017 - 20:37 Por Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - A ONG Rio de Paz coloca placas na areia da Praia de Copacabana com nomes de crianças e adolescentes que morreram vítimas de balas perdidas nos últimos 10 anos na capital fluminense (Tomaz Silva/Agên

Placas na areia da Copacabana lembram nomes de crianças e adolescentes que morreram vítimas de balas perdidas no RioTomaz Silva/Agência Brasil

A morte da menina Sofia Lara Braga, de 2 anos, no bairro do Irajá, zona norte do Rio, na noite de sábado (21), após ser atingida no rosto, por uma bala perdida, levou a organização não governamental (ONG) Rio de Paz a fazer, hoje (23), um protesto na Praia de Copacabana. De acordo com o fundador da ONG, Antônio Carlos Costa, nos últimos dez anos, pelo menos 31 crianças foram vítimas de balas perdidas no Rio, sendo que, somente nos últimos dois anos, ocorreram 18 mortes.

“O objetivo da manifestação é prestar solidariedade à família do policial [Felipe Fernandes, pai de Sofia] que está arrasada, mas, ao mesmo tempo, lembrar à sociedade, ao Poder Oúblico, ao país que a morte da Sofia não é um caso isolado”, disse.

Na manifestação foram colocadas na areia de Copacabana placas com os nomes de 31 crianças e adolescentes vítimas de bala perdida desde 2007. Foi estendida também uma bandeira do Brasil, com dezenas de furos – como se fossem marcas de tiros.

O fundador da ONG disse que as mortes significam que o principal de todos os direitos, que é o direito à vida, está sendo violado, principalmente, no caso de quem mais depende da sociedade e do Poder Público para ter esse direito preservado, que são as crianças. “Em geral são mortes que ocorrem em favelas, nas áreas mais pobres da cidade e atingem famílias muito pobres, em confronto, em um cenário de guerra às drogas e em uma cidade que tem muita arma e muita munição”, apontou.

Antônio Carlos Costa disse que confrontos entre a polícia e um criminoso, como o que provocou a morte de Sofia, podem ocorrer em qualquer parte da cidade, mas é preciso lutar para que situações desse tipo não se repitam. “Esse confronto que houve no Irajá, eu poderia estar lá com a minha filha. Quando lutamos contra o que ocorreu no Irajá, estamos lutando pelo direito de todos”, disse, acrescentando, que policiais também são mortos em conflitos.

“A polícia também sofre violação de direitos. Muitos policiais ganham mal, estão com salário atrasado e trabalham em condições sub-humanas”.

Como pai de uma menina, o turismólogo João Felipe não se conforma com a morte de Sofia. “Eu tenho uma filha em casa que vai fazer 2 anos, agora, no dia 5 de fevereiro. Praticamente o meu dia acabou quando recebi aquela notícia. A gente, como pai, se coloca no lugar desse pai e dessa mãe. Está muito difícil viver no Rio de Janeiro. Está complicado”, disse.

João Felipe resolveu participar do protesto para defender mais respeito à vida e lembrou que nos confrontos no Rio também morrem muitos policiais. “Vamos tentar ver se a gente consegue mudar um pouco essa questão, dar mais valor à vida, inclusive dos policiais militares. Quantos já morreram este ano? Pelo amor de Deus. Vamos procurar prezar mais a vida, porque, realmente, do jeito que está, está difícil de a gente viver”, afirmou.

O estudante Moisés Pereira estava passando e resolveu apoiar a manifestação. Ele, que tem um irmão de 5  anos, disse que a morte de Sofia é lamentável. “É uma tragédia que comove a gente. De certa forma, é uma homenagem a ela.”

*Colaborou Fabiana Sampaio, repórter do Radiojornalismo

Edição: Juliana Andrade

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