Técnicos pedem interdição de ciclovia no Rio por falhas na construção

Publicado em 28/03/2017 - 12:10 Por Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Ondas estouram próximo à recém-inaugurada ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, que desabou durante ressaca no mar de São Conrado, deixando mortos e feridos (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Ondas de mais de quatro metros atingiram parte da ciclovia que desabou, em abril, matando duas pessoasFernando Frazão/Agência Brasil

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Rio de Janeiro recomendou hoje (28) que o trecho da Ciclovia Tim Maia – entre São Conrado e o Leblon – seja interditado entre os meses de abril e agosto, quando ressacas são mais comuns na orla. O Crea sugere que obras de reparação da estrutura sejam feitas nesse período e que estudos hidrológicos aprofundem o conhecimento sobre as ondas no local.

Em abril do ano passado, o desabamento de uma parte da ciclovia deixou duas pessoas mortas. Uma onda de mais de 4 metros atingiu a bandeja da ciclovia, que foi derrubada enquanto os pedestres e ciclistas transitavam sobre na pista. Segundo o Crea, a causa do acidente não tem relação com as falhas apontadas no relatório, e sim com o projeto da ciclovia, que não previu que as ondas pudessem chegar à bandeja.

O Crea identificou falhas na construção como a incompatibilidade de materiais na execução da obra, se for considerado o ambiente agressivo em que a ciclovia foi erguida. A falha gerou fissuras em pilares, corrosão da estrutura metálica e problemas na junção das bandejas por onde passa a ciclovia.

Os desgastes, segundo o Crea, podem comprometer a estrutura de pilares de sustentação no médio e até no curto prazo, em alguns casos. Além da ação das ondas e do peso dos pedestres e ciclistas em movimento, a ciclovia é impactada por lançamento de esgoto e postes com risco iminente de queda.

Obras simples

Segundo o presidente do Crea, Reynaldo Barros, as obras podem ser consideradas simples por necessitarem de técnicas e materiais conhecidos. Apesar disso, procedimentos complexos podem ser necessários, como içar as bandejas de apoio para reparar os pilares e junções.

O conselho recomendou também que haja mais ferramentas de advertência aos usuários da ciclovia, como sinalização visual luminosa e botões de emergência para avisar sobre acidentes, como queda de pessoas ao mar.

O Crea fez o estudo a pedido da Justiça, onde tramita uma ação contra 14 pessoas no caso de desabamento. Segundo a Secretária de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, o laudo deve ser analisado agora pela Justiça, que decidirá sobre a possibilidade de reabertura da ciclovia.

Outro lado

O Consórcio Concremat/Concrejato informou, em nota no final da tarde de hoje,  que analisou preliminarmente o relatório disponibilizado pelo Crea-RJ e assegura que nenhuma das considerações quanto à qualidade da construção gera qualquer risco à segurança da estrutura da ciclovia e de seus usuários, desde que realizada a manutenção regular do equipamento.

A nota informa que o consórcio está analisando criteriosamente cada uma das questões apontadas no relatório do Crea-RJ e oportunamente se pronunciará de forma definitiva.

Matéria atualizada às 19h17 para acréscimo de informações

Edição: Kleber Sampaio

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