PMs não comparecem à reconstituição da morte da estudante Maria Eduarda no Rio

Publicado em 12/04/2017 - 21:03 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Os dois policiais militares suspeitos de envolvimento na morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, baleada no dia 30 de março dentro da escola que frequentava, não compareceram à reconstituição feita nesta quarta-feira (12) pela Polícia Civil. A defesa dos PMs alegou falta de segurança para eles irem até a Escola Jornalista Daniel Piza, em Acari.

O advogado da família da estudante, João Tancredo, considerou que a ausência dos policiais não vai interferir no resultado da reconstituição. “Não vai comprometer, pois eles negam que o disparo tenha sido da arma deles. É razoável que eles não compareçam, pois ninguém é obrigado a fazer provas contra si mesmo. Se eu fosse advogado de defesa [deles], eu usaria isso como estratégia, que é para não construir uma prova contra eles”, disse João Tancredo.

Segundo o advogado, os policiais estavam do outro lado da rua e atiraram contra dois suspeitos de tráfico que estavam em frente à escola. “Os tiros atingiram Maria Eduarda. O que matou ela foi o estilhaço do tiro de fuzil. Todo mundo sabe o que aconteceu, os moradores e a polícia sabem”, disse João Tancredo.

Os dois homens baleados pelos PMs estavam caídos na calçada, imóveis, quando foram executados pela dupla, com tiros de fuzil à queima-roupa. A advogada Luciana Pires, que defende os PMs, disse que o laudo pericial de Maria Eduardo ainda não estava pronto e que eles não vieram por questão de segurança.

A mãe da estudante, Rosilene Alves Ferreira, ficou desapontada pela ausência dos policiais militares, pois desejava falar diretamente com eles. “Se pudesse, eu queria estar de frente com eles, para perguntar se eles têm filhos e o que eles fariam se estivessem no meu lugar. Eu tenho certeza que foram os policiais. As balas todas saíram deles. Não vieram para não se incriminar. Porque quem cala consente”, disse Rosilene, que continua carregando no peito as medalhas que Maria Eduarda ganhou como atleta e a todos mostra uma foto da menina, ainda criança, que ela leva na bolsa. 

Edição: Fábio Massalli

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