Coletivo de entidades ambientas lança manifesto Parque para Todos

Publicado em 04/05/2017 - 16:11 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Representantes de organizações não governamentais (ONGs) relacionadas ao meio ambiente e ao turismo lançaram hoje (4), no Rio de Janeiro, o manifesto Parque para Todos, durante encontro fechado que ocorre no Rio de Janeiro até amanhã (5) para debater a visitação em unidades de conservação. O objetivo é ampliar o uso público dos parques nacionais. De acordo com os organizadores do evento, o movimento de abertura dos parques nacionais está em sintonia com o Ano Internacional do Turismo Sustentável, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O diretor da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), Delson de Queiroz, disse que o manifesto foi uma iniciativa de várias entidades, preocupadas com a questão de visitação dos parques, sejam federais, estaduais ou municipais. A ideia é estimular a visitação dessas unidades de conservação, com base em uma ação responsável, que não cause impactos ao meio ambiente, mas que permita que as pessoas possam ter a experiência de recreação ao ar livre, considerando que a visitação é um grande aliado da criação e conservação dessas unidades.

O manifesto está baseado na diversidade e na oportunidade de visitação. “O parque deve buscar oferecer oportunidade de visitação a todas as pessoas, sejam aquelas que querem uma visitação a uma área mais estruturada, ou pessoas que querem se aventurar em uma situação de áreas mais remotas”, disse Queiroz.

Parcerias

O manifesto também trata do aprimoramento dos instrumentos de planejamento e gestão e ressalta a importância dos modelos de parceria entre o setor privado e os gestores públicos. “A gente entende que essas parcerias são, muitas vezes, um caminho interessante para que os parques possam se manter, tanto do ponto de vista financeiro, como de criar um engajamento maior da sociedade nessas áreas”. O coletivo de entidades que assina o manifesto sugerem parcerias como a concessão.

Outro aspecto considerado central pelo diretor da CBME é o engajamento efetivo da sociedade por meio da visitação. “Se ela apoia a conservação, é importante que ela conheça, que crie uma relação afetiva com as áreas naturais. A gente entende que a visitação pode ser um fator também de engajamento das pessoas a favor da conservação dessas unidades, principalmente os parques”.

O manifesto será difundido junto a todos os órgãos gestores de unidades de conservação. Ele foi apresentado hoje (4) ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea). “O manifesto, na verdade, é só o primeiro passo de um movimento inédito no Brasil que junta os diversos segmentos de turismo de aventura, usuários esportistas, observadores de aves, ONGs ambientalistas, até grupos concessionários. E a ideia é que esse grupo de pessoas envolvidas em diversos aspectos com unidades de conservação, principalmente parques, possa não só levar pautas e reivindicações para esses órgãos (gestores), como também contribuir de alguma forma para superar os diferentes desafios que tem na gestão dessas áreas protegidas”, salientou Délcio de Queiroz.

Mata Atlântica

A gerente de Áreas Protegidas da ONG SOS Mata Atlântica, que trabalha pela conservação da Mata Atlântica e também assinou o manifesto, Erika Guimarães, disse que as áreas protegidas são uma das principais ferramentas para se fazer conservação no país: “A gente acredita que abrir as unidades para visitação é uma maneira de engajar a sociedade brasileira para entender a importância dessas áreas e para a causa da Mata Atlântica. Esse é o nosso objetivo em nos juntarmos a esse manifesto. A SOS quer engajar o maior número de cidadãos para a causa da Mata Atlântica e conhecendo e tendo acesso a uma área natural é, sem dúvida alguma, uma ferramenta de sensibilização mais eficiente que existe”.

Para Erika, os desafios a serem superados para alcançar essa meta envolvem desde barreiras culturais até barreiras institucionais. Entre as barreiras institucionais, citou a necessidade de se discutir sobre a visitação e os impactos que ela pode causar, lembrando que quem visita também contribui para a conservação. Segundo Erika, os órgãos governamentais entendem os desafios e estão dispostos a dialogar com as demais entidades.

Segurança

A questão da segurança pública também foi abordada nos debates. O diretor da CBME, Delson de Queiroz, destacou os assaltos a trilhas em parques nacionais, como ocorreu recentemente na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro: “é um problema que aflige toda a cidade do Rio”.

O consenso foi no sentido de buscar junto àqueles que atuam na área de segurança algum tipo de ação específica em áreas naturais, considerando que os órgãos gestores não são órgãos de segurança pública e precisam contar com apoio de instituições do setor. A criação de unidades de patrulhas ambientais em áreas próximas ou dentro de unidades de conservação, para fortalecer a vigilância, é uma das alternativas propostas.

Edição: Denise Griesinger

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