Comissão faz vistoria e cobra planejamento para legado dos Jogos Olímpicos

Publicado em 09/05/2017 - 15:37 Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Comissão na Câmara dos Vereadores do Rio faz audiência pública para analisar os investimentos feitos para os Jogos Olímpicos e o legado deixado para a população (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Vereadores fazem audiência pública para analisar legados dos Jogos Olímpicos Tomaz Silva/Agência Brasil

Após quatro vistorias a instalações olímpicas na cidade, a Comissão de Esporte e Lazer da Câmara Municipal do Rio de Janeiro constatou que o que há, no momento, é um “largado olímpico”, e não um legado, como o prometido à época da candidatura como sede dos Jogos Olímpicos 2016. O tema foi discutido hoje (9) em audiência pública na Câmara.

O presidente da comissão, vereador Felipe Michel (PSDB), afirmou que não foi feito um planejamento para o uso dos equipamentos olímpicos. “Nossa função, como Comissão de Esporte da Câmara Municipal, é fazer diligências. Constatamos que não temos hoje um legado preparado para a cidade. Então, convocamos uma audiência pública para colocar prazos, para ver qual é o planejamento para o legado, toda a questão do retorno social, para os nossos atletas de alto rendimento”.

Para o vereador, a pior situação é a do Parque Radical de Deodoro. “Não está havendo retorno para a população no entorno, para o esporte de alto rendimento, o retorno social. A gente vê que ali não teve nenhum planejamento para ser entregue à nossa cidade. É um absurdo um espaço como aquele, olímpico, não ter vestiário nem banheiro. Isso mostra uma total falta de planejamento”.

O deputado estadual Carlos Roberto Osório (PSDB), que colaborou com a campanha de candidatura do Rio como sede dos jogos, disse que o trabalho foi baseado no sonho de que a olimpíada poderia deixar ao esporte brasileiro e ao Rio de Janeiro um novo patamar de desenvolvimento.

“Após os jogos olímpicos, os atletas brasileiros deveriam ter outras condições de infraestrutura, de capacidade de treinamento, de performance esportiva e de condições de executar o que eles fazem, que é a prática do seu esporte. Este era o nosso sonho. E hoje, já passados quase oito meses do encerramento dos jogos, podemos atestar, com absoluta franqueza e tranquilidade, que isso não aconteceu”.

Osório afirmou que o problema está "sem dono” e que a prefeitura tem que assumir isso. “Se os equipamentos ficarem mais seis meses fechados, podemos ter danos irreversíveis. O problema foi herdado por essa gestão, mas tem que resolver”.

Atletas

Prata nos Jogos 2016, o judoca paralímpico Willians Araújo disse que o Rio de Janeiro passa por um total descaso com o esporte.

“O Rio de Janeiro está perdendo vários atletas, que estão saindo, porque além da estrutura física, a estrutura financeira não está permitindo que a gente continue treinando aqui. Foi feito investimento por meio  do Time Rio, uma parceria da prefeitura com o Comitê Olímpico Brasileiro, que deu estrutura para treinarmos. Hoje, toda minha equipe multidisciplinar trabalha voluntariamente. Está difícil continuar treinando aqui, já recebi diversos convites para sair da cidade.”

A ginasta Daniele Hipólito, que participou de cinco olimpíadas, disse que teve a oportunidade de ver cidades onde houve legado, como Sidney, Pequim e Londres e outras, como Atenas, onde houve o “largado olímpico.”

“Quando constatei como tinham ficado largada a estrutura olímpicas de Atenas, eu nunca imaginei ver hoje a nossa estrutura olímpica largada dessa mesma maneira. Como atleta olímpica, a gente sempre sonha que realmente serão cumpridos os prometidos e, em um deles, eu tinha grande esperança. Não só para a preparação dos atletas de alto rendimento, mas para a criançada que tem o sonho de seguir dentro do esporte, seja ele qual for, que realmente tivessem sido abertas as portas do Parque Olímpico”.

A atleta também cobrou a abertura da Arena Carioca Três para que os atletas da ginástica possam treinar para a próxima olimpíada, aTóquio 2020.

Prefeitura

A subsecretária de Esporte e Lazer da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer, Patrícia Amorim, disse que o problema é de todos e que “todos nós juntos vamos virar esse jogo e vamos resolver”. “

Segundo Patrícia, dos equipamentos do Parque Olímpico da Barra, apenas a Arena 3 é de responsabilidade da prefeitura e o local já está sendo ocupado, com quadras de badminton e mesas de tênis. O local está aberto à visitação das escolas mediante agendamento.

O Velódromo, as arenas 1 e 2 e o Centro de Tênis são de responsabilidade do governo federal. Já a Arena do Futuro e o Parque Aquático estão em processo de desmontagem e a promessa de construir quatro escolas está sendo revista, já que as atuais precisam de manutenção. Uma das piscinas será utilizada pela escola de educação física do Exército.

Sobre o Boulevard Olímpico, no Parque da Barra, Patrícia afirmou que o local está aberto ao público. Ali, foram construídas quadras de basquete e um campo de grama sintética para uso da população. Há aidna o Muro dos Campeões, com o nome dos medalhistas em 2016.

O Campo Olímpico de Golfe é administrado pela iniciativa privada, com uso pago, mas ainda falta a contrapartida social, segundo a subsecretária.

A licitação para o Parque de Deodoro, “o mais polêmico”, segundo Patrícia, está em fase de ajustes finais. “Vamos reabri-lo assim que possível, ainda no primeiro semestre", afirmou. Participaram da audiência, o representante do Comitê Olímpico Brasileiro André Matos e o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

O Ministério do Esporte foi convidado para a audiência, mas não enviou representante.

Edição: Maria Claudia

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