Maioria das escolas municipais não tem estrutura para a prática de esporte

Publicado em 24/05/2017 - 16:38 Por Flávia Villela – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

A maioria das escolas públicas municipais brasileiras não têm estrutura para a prática de esportes, mostra o estudo Suplemento de Esporte do Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros 2016, divulgado hoje (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.

Até o ano passado, somente 27% dos 5.570 municípios brasileiros tinham escolas com campo de futebol, ginásio, piscina ou pista de atletismo. A Região Sul foi a única que informou ter  maior proporção de municípios com as instalações: 47,6% do total. Das 4.190 instalações em escolas da rede pública municipal, 78% (3.270) eram ginásios, 14,6% (611) campo de futebol, 6,3% (265) piscinas e 1,0% (43) pista de atletismo.

Segundo o estudo, a média nacional dos municípios que promovem eventos esportivos passou de 93,6% (5.204), em 2003, para 97,8% (5.445), em 2016.

Dos municípios que promoveram eventos com modalidades esportivas paraolímpicas, com maior destaque para futebol, voleibol, atletismo e futsal, cerca de 6,4% (279) foram de disputas escolares, 8,9% (334) de rendimento e 8,3% (398) de lazer.

Entre os estados, apenas Santa Catarina informou não ter estruturas esportivas. Juntas, as administrações estaduais são proprietárias de 1.027 instalações em todo o país. Do total, destacam-se 349 quadras (34%), 268 ginásios (26,1%) e 181 campos de futebol (17,6%). Já entre os municípios, 5.368 (96,4%) declararam ter instalações esportivas de propriedade da prefeitura, totalizando 41.641 em todo o país.

Referência

Inaugurada em 2009, como referência nacional de qualidade, a Escola Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, foi símbolo do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), com ginásio esportivo e piscina olímpica. Hoje, os equipamentos estão desativados, a sala de computadores está vazia devido a saques e as janelas foram arrancadas.

O estudante Fábio Vinícius Sousa Pessanha, 18 anos, concluiu o 3º ano do ensino médio no ano passado. Para ele, este foi um ato de bravura. “Quando chovia, a casa de máquinas da piscina alagava até o teto. No ano passado ainda dava para utilizar a quadra, mas os bueiros nas laterais da quadra estavam sem tampa e estava perigoso”, afirmou.

No estado do Rio, há 1.250 escolas estaduais, sendo que 37 têm piscina e nenhuma tem outras instalações. No caso das escolas, 45 dos 92 municípios fluminenses declararam ter  escolas com equipamentos, um total de 207 unidades. O número é baixo, se levado em consideração que somente na capital fluminense há 1.537 escolas municipais.

A capital fluminense figura entre os municípios que menos desenvolveram ações, projetos ou programas na área de esporte escolar e também de esporte de rendimento, se comparada com outras capitais. Já em relação a esportes do lazer, praticado de modo voluntário, o Rio de Janeiro está entre os que mais desenvolveu ações para a população.

O estado do Rio também não avançou muito na implementação de mecanismos de participação social. De acordo com o suplemento, estava entre as seis unidades da Federação que não tinham conselhos nem fundos de esportes.

A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que está analisando parcerias para a recuperação dos equipamentos esportivos e utilização adequada e segura da piscina do Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, e que a mesma é mantida com um nível mínimo de água para que sua estrutura não seja danificada, seguindo orientações técnicas de profissionais. A manutenção da estrutura  é realizada com aplicação de produtos químicos específicos para tal fim.

*texto atualizado às 17h24 para incluir a resposta da Seduc

* Raquel Junia, repórter do Radiojornalismo

Edição: Maria Claudia

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