Servidores do Rio promovem ato para pedir calendário de pagamentos atrasados

Publicado em 13/06/2017 - 19:44 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Servidores do Estado protestam contra salários atrasados e pedem a adoção de um calendário único de pagamento. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rio de Janeiro - Servidores do estado protestam contra salários atrasados e pedem a adoção de um calendário único de pagamentoTomaz Silva/Agência Brasil

O Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) do Rio de Janeiro promoveu nesta terça-feira (13) um ato para cobrar do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) a adoção de um calendário único de pagamento do funcionalismo. O grupo caminhou do Largo do Machado até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul da cidade.

Um dos líderes do Muspe, servidor do Poder Judiciário Juan Carrera disse que apesar das medidas aprovadas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que preveem cortes de verbas e de investimentos públicos, ainda não houve sinalização por parte do governo do estado de quando os servidores terão seus salários atrasados pagos.

"Foram aprovadas duras medidas como o aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14% e o novo regime de pensão e de aposentadoria", disse o servidor, acrescentando que “a conta da corrupção no estado do Rio de Janeiro parece que está sendo paga pelos servidores aposentados e pensionistas. Não vemos o governo sinalizar nenhuma medida de austeridade concreta, de cortar na própria carne, reduzir cargos comissionados, número de secretarias. O governador Luiz Fernando Pezão poderia, por exemplo, cobrar a dívida ativa, que está na ordem de R$ 66 bilhões. Sinalizamos isso em março de 2015, o tempo passou e aqui estamos”.

Mais de 200 mil servidores aposentados e pensionistas estão com três meses de salários atrasados, além do décimo terceiro do ano passado.

A enfermeira aposentada Mariá Casa Nova, de 66 anos, trabalhou por 37 anos no Hospital Getúlio Vargas Filho, vendia balas na manifestação para conseguir sobreviver.

“Estou me sentindo humilhada, pois trabalhei a vida inteira e pensei que após a aposentadoria teria condições de viajar com o marido, com o neto, visitar um parente que há muito não vejo, e hoje estou sobrevivendo de esmola”, contou emocionada. Os remédios que precisa tomar diariamente para tratamento do coração, cerca de R$ 400 por mês, estão sendo custeados com ajuda de amigos, disse.

“Meus colegas estão me ajudando, estou há dois meses sem pagar o aluguel e o condomínio. Já fiz rifa da minha roupa de cama e de banho, mas acabou tudo. Quando vendo todas as balas, ganho cerca de R$ 60. Esse governo me deixou no poço”.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Kelly Russo tem participado de manifestações mensalmente, desde o início do acirramento da crise há cerca de dois anos.

"Retornamos da greve e estamos trabalhando há um mês e meio sem salário, como forma de resistência para evitar o sucateamento e o esvaziamento da universidade pública. Mas nada está normal, faltam salários, bolsas, equipes de manutenção e de limpeza, e financiamentos de pesquisa", lamentou.

Para a professora, ir para a rua protestar é a única forma de luta atual. "Historicamente no Brasil as conquistas de direitos humanos e dos trabalhadores sempre ocorreram por meio da luta dos movimentos sociais. As redes sociais também são espaço de luta importante, nunca vai substituir a luta na rua, porque é quando as autoridades ouvem nossos gritos, nosso descontentamento", disse.

De acordo com o governo do estado, em cerca de 45 dias o calendário dos salários deve ser normalizado, com a adesão do executivo fluminense ao Plano de Recuperação Fiscal junto à União, que deve garantir ajuda financeira do governo federal.

 

Edição: Fernando Fraga

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