Donos de bar se dizem surpresos com ação da PF que investiga Bolsa Atleta

Publicado em 18/08/2017 - 12:40 Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil - Brasília

A assessoria do bar Versão Brasileira, de Brasília, um dos alvos da Operação Havana, deflagrada hoje (18) pela Polícia Federal (PF), informou que os sócios ficaram surpresos pela ação dos agentes federais. Mais cedo, policiais estiveram no local para cumprir mandado judicial de busca e apreensão de documentos e objetos considerados úteis à investigação do suposto esquema de fraudes contra o programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte.

A suspeita é de que parte dos recursos desviados no suposto esquema tenha sido utilizada para a criação do bar. Entre os sócios do estabelecimento, há um cubano, cujo nome ainda não foi confirmado pelas autoridades ou pela assessoria do Versão Brasileira. Segundo a PF, o suposto líder e alguns participantes do esquema criminoso são brasileiros nascidos em Cuba – razão pela qual a operação recebeu o nome de Havana, capital de Cuba.

De acordo com as investigações, um funcionário terceirizado do Ministério do Esporte - que ficou sócio do bar - seria o responsável por inserir os dados de falsos atletas na relação de beneficiários do programa Bolsa Atleta a quem a Caixa Econômica Federal pagava o benefício criado para ajudar atletas de alto rendimento a se dedicarem aos treinos e competições.

“Este funcionário integrou o quadro societário do bar logo depois das fraudes. Suspeitamos que os recursos tenham acabado sendo utilizados para compor a parte societária dele no estabelecimento”, disse o delegado federal João Oliveira, responsável pela operação.

Na nota que enviou à Agência Brasil, a assessoria do bar esclareceu que o estabelecimento foi constituído há mais de seis anos, “com total transparência e lisura”. Logo após a conclusão das buscas, os sócios do bar compareceram voluntariamente à Superintendência da Polícia Federal para se inteirar sobre a investigação. “A empresa reforça que contribuirá para auxiliar as investigações para que todos os fatos sejam prontamente esclarecidos”, diz a nota.

Pago a atletas de alto rendimento que tenham obtido bons resultados em competições nacionais e internacionais, o Bolsa Atleta foi criado em 2005 e é, segundo o ministério, “o maior programa de patrocínio individual de atletas no mundo”. Segundo a PF, os investigados inseriam dados de atletas fantasmas nos sistemas do Ministério do Esporte para desviar recursos do programa.

Ainda de acordo com a PF, em apenas um ano, a quadrilha teria criado perfis falsos de 25 atletas fantasmas, inclusive de alto rendimento e nível olímpico. As fraudes teriam ocorrido no ano de 2012 e, de acordo com as informações encaminhadas pelo Ministério do Esporte, podem ter ultrapassado R$ 1 milhão em valores atualizados.

Pela Lei 10.891, que regulamenta o programa, todo candidato à bolsa deve atender a uma série de requisitos, como ter participado de competições nacionais e internacionais de suas modalidades no ano anterior e estar vinculado a alguma entidade de prática desportiva.

Além disso, desde 2011, atletas de modalidades individuais olímpicas e paraolímpicas, que se candidatem na chamada categoria Atleta Pódio, devem estar entre os vinte primeiros colocados do mundo em sua modalidade ou prova específica, conforme critérios definidos pelas respectivas entidades nacionais de administração do desporto em conjunto com o Comitê Olímpico Brasileiro (CO B) ou Comitê Paraolímpico Brasileiro (CP B) e o Ministério do Esporte.

Estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão e seis mandados de condução coercitiva, autorizados pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.

Edição: Maria Claudia

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