PMs são afastados após morte de jovem em abordagem policial em SP

Publicado em 19/12/2017 - 19:15 Por Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Os policiais militares envolvidos na ocorrência que matou o jovem Ítalo Silva Gonzaga, de 18 anos, no último domingo (17), foram afastados do trabalho nas ruas e cumprem atividades administrativas durante a apuração do caso, que está sendo investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela Corregedoria da Polícia Militar (PM). A família do rapaz, que era entregador de pizza, acusa os policiais militares de uma execução a tiros, ocorrida no bairro de São Mateus, zona leste da capital paulista.

Os parentes disseram ter entregado à Corregedoria da PM um vídeo que mostra o jovem sendo baleado pelas costas e caindo em um córrego após a perseguição dos PMs. O corpo de Ítalo foi encontrado no riacho que margeia a Rua Rosa Amarela. Relatos de testemunhas dão conta de que Ítalo estava em sua moto com um garupa, quando uma viatura da PM bateu em sua traseira. Os dois se assustaram e correram. Pouco tempo depois, Ítalo foi baleado pelos policiais e caiu dentro do riacho.

"A polícia bateu na moto, derrubou, um foi para um lado outro foi para o outro. A polícia seguiu o Ítalo e ele saiu correndo, [o policial] ia atirando, [a testemunha] disse que o Ítalo tentava desviar das balas, mas a polícia acertou. O Ítalo tentou se equilibrar na hora do final do vídeo, é a hora que ele quase tropeça e cai, mas não é que ele tropeçou, foi na hora que a bala pegou nas costas dele. Aí ele atravessou a avenida e tinha um córrego. Testemunhas disseram que ele caiu dentro, mas não sabe se ele se jogou ou caiu por conta da bala", contou a mãe do rapaz, Marciana Francisca da Silva. De acorco com testemunhas, os rapazes estariam desarmados.

Segundo relatos de moradores da região, após a queda de Ítalo no riacho, o policial ainda deu mais dois tiros na direção do rapaz. Os policiais então foram embora do local levando a moto do jovem e o deixaram dentro do córrego. A busca pelo corpo ficou por conta dos vizinhos do bairro. "O pessoal foi lá, procuraram o corpo dele por mais de duas horas. Acharam que ele estava escondido em algum lugar, que tinha sobrevivido", disse a mãe. "Meu filho já estava morto. Pediram um pano para o vizinho e cobriram meu filho".

A Secretaria de Segurança Pública disse, em nota, que o caso foi registrado como "resistência e morte decorrente de oposição à intervenção policial", que a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso e instaurou inquérito para apurar a conduta dos policiais militares envolvidos. Segundo a secretaria, o exame necroscópico realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) mostrou que, no corpo de Ítalo, constava uma perfuração por arma de fogo. Questionada sobre quantos disparos foram feitos pelos policiais durante a ocorrência, a secretaria não respondeu.

Na tarde do domingo, os moradores da região fizeram protesto devido à morte de Ítalo. Houve repressão por parte dos policiais, que soltaram bombas para dispersar o grupo, conforme mostram imagens gravadas por celular pelos moradores.

Caso recente

No dia 5 de novembro, o adolescente Luan de Souza, de 14 anos, foi morto durante ação policial com um tiro na nuca. A reconstituição e laudos realizados até o momento indicam que um policial militar foi o único a fazer disparos de arma de fogo, segundo o advogado que acompanha o caso, Ariel de Castro Alves. O jovem foi atingido em uma viela do bairro Parque João Ramalho, município de Santo André, na Grande SP, próximo a onde morava. Testemunhas que participaram da reconstituição também afirmaram que não houve confronto nem troca de tiros. A defesa dos policiais envolvidos mantém a versão de que houve confronto e que também houve disparos na direção dos policiais.

Edição: Amanda Cieglinski

Últimas notícias