Banda de Ipanema terá presença do homenageado Martinho da Vila em seu desfile

Publicado em 10/02/2018 - 21:00 Por Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O cantor e compositor Martinho da Vila celebra seus 80 anos na próxima terça-feira (13),  participando do segundo desfile da tradicional Banda de Ipanema, da qual ele é o grande homenageado no carnaval deste ano. O primeiro desfile teve início no final da tarde de hoje (10) pelas ruas do bairro da zona sul carioca, percorrendo o circuito iniciado na Praça General Osório, passando pela Avenida Vieira Souto e pelas ruas Joana Angélica e Visconde de Pirajá, até retornar ao ponto inicial.

A foto de um sorridente Martinho da Vila estampa a camiseta oficial da banda, neste 54º carnaval do bloco fundado por Albino Pinheiro (1934-1999) e outros boêmios do bairro, como Ferdy Carneiro e os cartunistas Jaguar e Ziraldo. Corria o ano de 1964, em que os militares tomaram o poder no Brasil e já no carnaval seguinte, em 1965, a banda fazia seu primeiro desfile.

Irmão do fundador Albino, Cláudio Pinheiro é, há quase duas décadas, o “general da banda” que, sem ter nascido com o propósito de resistência ao regime militar, acabou se tornando um espaço democrático, de irreverência bem carioca e fiel ao espírito boêmio de Ipanema. Desde antes do tema diversidade entrar na agenda, era o bloco em que todos os grupos sociais podiam brincar juntos o carnaval: jovens, velhos, famílias, gays, travestis, sem distinção de classe social.

Música de verdade e a pé

Durante décadas, a Banda de Ipanema foi um dos poucos grupos a manter acesa a chama do carnaval de rua no Rio, bem antes da explosão do número de blocos ocorrida a partir dos anos 90. No entanto, ao contrário de outros que adotaram carros de som, a Banda de Ipanema se mantém fiel ao desfile de seus músicos a pé, arrastando os foliões sempre com um repertório de música popular brasileira de qualidade, das marchinhas aos clássicos.

“Aqui só tem lugar para músico de verdade”, garante o trombonista Ismael Zacarias, maestro da banda, que em 2004, por meio de decreto municipal, foi declarada oficialmente patrimônio cultural do Rio de Janeiro, o primeiro bem imaterial contemplado com esse reconhecimento. Fora do carnaval, a Banda de Ipanema têm uma agenda de shows em espaços culturais e casas noturnas do Rio e de outras cidades.

Com desfiles que chegam a reunir mais de 90 mil pessoas, o gigantismo não tem afastado os foliões mais assíduos da banda. “A gente tem que ficar ligado, porque há maus elementos, mas mesmo com muita gente dá pra curtir legal. Se sair uma briga, a gente se afasta”, disse Fábio Soares Vieira, há anos frequentador da banda.

Moradores na zona norte, os namorados Breno Santana e Mariana Ramos estavam fantasiados de Deus e Deusa do Amor. “Escolhemos a banda porque fica perto da praia. A gente sai do desfile e cai no mar”, disseram.

Reverência permanente

Com a homenagem que lhe está sendo prestada este ano, Martinho da Vila se soma a uma vasta galeria de nomes da música popular brasileira celebrados nos desfiles da Banda de Ipanema. Um nome, porém, recebe uma reverência permanente: Pixinguinha (1897-1973).

A homenagem ocorre desde 1973, quando Pixinguinha morreu na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, em pleno carnaval, durante um batizado no qual era padrinho, e a banda passava pelo local. Desde então, quando o bloco chega à esquina das ruas Joana Angélica e Visconde de Pirajá, onde fica a igreja, os músicos tocam Carinhoso, a mais famosa composição de Pixinguinha.

Edição: Augusto Queiroz

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