Espírito crítico e muita animação marcam o desfile do Bloco do Barbas, no Rio

Publicado em 10/02/2018 - 20:42 Por Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

“Se é pecado sambar, o Barbas não pede perdão”. O lema do desfile deste ano já diz tudo: o Bloco do Barbas é mais um que faz críticas ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella, com relação ao corte de subvenções para o carnaval. De autoria de Deivid Domênico, a letra do samba fez referência aos sete pecados capitais: “Ira e soberba, quanta preguiça de você/ Quanta avareza, solta a verba, quero ver/ Alô, seu prefeito, expulsa a gula do poder/ Olha, nosso corpo é luxúria/ Sem inveja, se mistura/ e deixa o povo te benzer”.

Com as cores vinho e branco, o Barbas desfila pelas ruas do bairro de Botafogo, na zona sul do Rio, sempre à tarde, nos sábados de Carnaval, e tem entre suas marcas um caminhão-pipa acompanhando o percurso dando banho nos foliões, além de um “carro-creche”, uma kombi com a caçamba aberta que leva a criançada.

Morador de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Pedro Guimarães, de 21 anos, gosta dos blocos da zona sul e não perde o desfile do Barbas. “Todo ano a gente vem aqui ao Barbas, o melhor bloco do Rio. O público aqui é fiel, todo ano o mesmo pessoal. O segredo é o caminhão-pipa. O pessoal vem de um bloco de manhã, toma um banho aqui e depois vai pra outro. Tem que manter isso aí”, disse.

História

Fundado em 1985, no contexto político da luta pela redemocratização do país, o bloco surgiu da ideia de amigos que frequentavam o restaurante Barbas, que funcionava na Rua Álvaro Ramos. A agremiação tem como presidente Nelson Rodrigues Filho, hoje afastado por motivos de saúde, e da diretoria constam outros membros da família do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980).

Sobrinho de Nelson Filho e neto do dramaturgo, o ator Sacha Rodrigues reforçou as críticas à municipalidade. “É uma pena o que a prefeitura está fazendo com os blocos de rua, e com o carnaval como um todo, mas a gente não desiste. O carioca é um povo carnavalesco em essência. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, e não tem como não ser doente com essa prefeitura de agora”, desabafou.

O Bloco do Barbas, filiado à Sebastiana, associação que reúne blocos das zonas sul e centro do Rio, concilia o espírito crítico com a animação de seus foliões, com muita gente fantasiada, em desfiles que reunem cerca de 5 mil pessoas, como o deste sábado.

Edição: Augusto Queiroz

Últimas notícias