Mercado de Soluções apresenta boas práticas ambientais de comunidades

O 8º Fórum Mundial da Água recolheu 60 experiências nascidas de

Publicado em 22/03/2018 - 16:33 Por Olga Bardawil - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O 8º Fórum Mundial da Água recolheu 60 experiências de boas práticas ambientais nascidas de comunidades de várias partes do mundo. Escolher alguma delas é tarefa difícil, já que todas, de um modo ou de outro, mostram como o meio ambiente está sendo cuidado com simplicidade e carinho pelos cidadãos comuns, que só querem melhorar a sua qualidade de vida. Um passeio pelo Mercado de Soluções levou a reportagem da Agência Brasil a algumas dessas iniciativas que estão fazendo a diferença para suas comunidades.

Quando os jovens se mobilizam

Nayara Castiglioni tem 25 anos e um diploma de química ambiental. Mas quando começa a falar do projeto Engajamundo, o seu entusiasmo é de uma menina apaixonada pela ideia de um futuro melhor para o planeta.

O movimento Engajamundo nasceu no âmbito da Rio + 20, "quando a gente percebeu que todas as decisões eram tomadas a portas fechadas, sem nenhuma representatividade jovem", disse Natália, acrescentando que o movimento virou uma ONG com o objetivo definido de mostrar aos jovens que eles podem "ser parte da solução, atuando junto à sociedade para que todos ouçam a juventude, e a gente possa causar a mudança que a gente espera para o Brasil".

De acordo com Nayara, o Engajamundo é uma rede que reúne jovens por todo o país usando uma metodologia própria para se comunicar, trabalhando com cinco temas: biodiversidade, cidades sustentáveis, clima, desenvolvimento sustentável e gênero. Não por coincidência, os cinco temas estão ligados a conferências da ONU e, segundo Nayara, a rede do Engajamundo já tem cerca de 2 mil jovens que se conectaram através de escolas, encontros e eventos como Fórum Mundial da Água. Mas esse número pode chegar a 5 mil. Os recursos vêm sobretudo de projetos inscritos em editais de organismos e de doações. E Nayara faz questão de frisar que eles não recebem "nenhum dinheiro do governo" e não têm nenhuma ligação com nenhum partido politico.

Identificando a água contaminada

A partir de insetos aquáticos é possível descobrir o grau de poluição da água dos rios em que eles sobrevivem e evitar que as pessoas consumam a água contaminada, mesmo que ela pareça limpa. A descoberta foi de uma pesquisa da Embrapa e que, a partir da parceria com a Universidade de Brasília, se estendeu a outras universidades brasileiras formando a rede que ganhou o nome de AquaRiparia, em 2009.

Bonecos de pano reproduzem numa escala 100 vezes maior os insetos que são separados em três grupos: os que só vivem em água limpa; os que resistem em água com baixo nível de oxigênio e, portanto, poluída, e os que são típicos dessas águas impróprias. A professora Carmem Regina Mendes de Araújo Correia explica que essa simples identificação permite o monitoramento das bacias hidrográficas a um custo relativamente baixo, colocando a pesquisa científica ao alcance da sociedade. "O objetivo é capacitar o cidadão para que ele seja o cuidador da bacia, o sentinela dos rios".

A pesquisa, na verdade, segundo a professora, estuda a mata riparia - que é um tipo de vegetação presente em espaços próximos da água, chamada de zona ripária -, como cuidar delas, recuperá-las quando estão degradadas mas fazer isso em dialogo permanente com a comunidade. E poder identificar pela presença desses insetos a condição da água daquela mata riparia é o primeiro passo. E o mais simples.

Na cidade, uma floresta resgatada

Um resto de Mata Atlântica abandonado no perímetro urbano de Sorocaba (SP), uma das maiores cidades do estado. Era o Parque 3 Meninos. Um grupo de moradores da vizinhança resolveu encarar o desafio de resgatar esse tesouro, que mesmo protegido como Área de Preservação Permanente, estava invadido por todo o tipo de vegetação exógena e ameaçado pela especulação imobiliária, segundo Hélder, um dos "guardiões" do projeto chamado de Floresta Cultural.

"É uma floresta urbana, uma área de 400 mil metros quadrados que não tinha acesso justamente porque o capim napier, que cresce até 5 metros de altura, havia tomado conta do local e impedia esse acesso. Então, o nosso trabalho foi fazer o manejo dessas espécies, remover as plantas exóticas e deixar que as plantas nativas ocupem o espaço, e criar áreas onde as pessoas pudessem interagir com a mata, sentir o silêncio da natureza", explica Hélder.

A visitação ao publico é aberta, mas em dois dias da semana há guardiões no local para cuidar de algumas tarefas como limpeza das trilhas, verificar estragos eventuais e sinalizar os caminhos. "Tinha uma senhora da vizinhança que morava lá havia 40 anos e nunca tinha entrado no parque porque tinha medo. Como era um lugar abandonado, era comum haver usuários de drogas, além de lixo, colchões velhos... enfim uma atmosfera pesada. Hoje, ela frequenta o lugar com o neto".

Com a inciativa dos guardiões, a Floresta Cultural acabou resgatando um pedaço da Mata Atlântica, de cuja existência muitos moradores de Sorocaba nem tinham conhecimento.

 

Edição: Fernando Fraga

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