Rios e igarapés têm níveis altos de metais tóxicos em Barcarena, diz instituto

Segundo o relatório, há níveis consideráveis de 14 materiais nos rios

Publicado em 30/03/2018 - 12:54 Por Renata Martins - Repórter da Rádio Nacionall - Brasília

Secretaria de Meio Ambiente do Pará monitora níveis das bacias do sistema de tratamento de rejeitos nas instalações da mineradora Hydro Alunorte, acusada de ser responsável por um vazamento em Barcarena

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará monitora níveis das bacias do sistema de tratamento de rejeitos nas instalações da mineradora Hydro AlunorteIgor Brandão/Agência Pará

Pelo menos nove rios e igarapés do Pará estão com níveis de metais tóxicos acima do permitido, após vazamento em depósito de rejeitos tóxicos de mineradora em Barcarena.

A informação consta no segundo relatório técnico do Instituto Evandro Chagas sobre denúncia de impactos ambientais e riscos à saúde humana nas atividades de processamento de bauxita da empresa Hydro Alunorte, divulgado na última quarta-feira.

O resultado da contaminação é água imprópria para consumo humano e pesca em diversas áreas analisadas.

O pesquisador Instituto Evandro Chagas, Marcelo Oliveira, disse que a contaminação se espalhou por vários rios. "Tivemos níveis elevados fora da legislação de cinco a seis elementos químicos, dependendo do ponto onde foi coletado."

Moradores das comunidades de Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba, em Barcarena, recebem os primeiros garrafões de água potável

Moradores das comunidades de Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba, em Barcarena, recebem os primeiros garrafões de água potávelAgência Pará

As amostras de água foram coletadas entre os dias 25 de fevereiro e 8 de março.

Segundo o pesquisador, o instituto já monitorava a qualidade da água na região e o aumento do volume de metais tóxicos coincide com o lançamento de rejeitos feito pela Hydro em fevereiro após fortes chuvas na região.

De acordo com o relatório, há níveis consideráveis de arsênio, chumbo, manganês, zinco, mercúrio, prata, cádmio, cromo, níquel, cobalto, urânio, alumínio, ferro e cobre.

Os dados da Instituto Evandro Chagas mostram que o levantamento de auto monitoramento apresentado pela empresa, para comprovar o despejo controlado e sem risco, por canais irregulares, por onde passavam efluentes não tratados, são falhos e insuficientes.

O médico e pesquisador do Instituo Evandro Chagas, Marcos Mota, destacou que ainda é preciso investigar mais sobre os danos provocados a saúde dos moradores das comunidades atingidas.

"A população, tendo acesso a grande quantidade dessas substâncias, pode ter efeitos nocivos, como comprometimento pulmonar e principalmente neurológico", afirmou o médico.

O relatório recomenda que a água potável continue a ser disponibilizada até o final do período de chuvas à comunidades como Bom Futuro e Jardim dos Cabanos, abastecidas pelo rio Mucurupi.

O documento também indica que a água deve ser distribuída também para os municípios de Barcarena e Abaetetuba nas localidades banhadas por outros rios afetados.

Para o instituto, as águas superficiais e de consumo humano no entorno do empreendimento da Hydro devem ser continuamente bio monitoradas pela empresa.

A Hydro informou que ainda não teve acesso ao conteúdo integral do relatório e que vai analisar o material antes de se pronunciar. De acordo com a empresa, em abril serão apresentadas as conclusões de uma análise interna, e outra independente, para esclarecer todos os fatos relevantes em torno dos descartes de águas da chuva e águas superficiais da área da refinaria de alumina.

Edição: Maria Claudia

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