Mortalidade infantil cai, mas desigualdade entre países persiste

É o que mostra relatório da ONU e do Banco Mundial

Publicado em 18/09/2018 - 18:18 Por Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Uma criança ou um adolescente menor de 15 anos morreu a cada segundo em 2017 em alguma parte do mundo, “principalmente por razões evitáveis”. A estimativa é que, no total, 6,3 milhões de pessoas tenham morrido no ano passado.

Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Organização Mundial da Saúde (OMS), Divisão da População ONU e Banco Mundial, que hoje divulgam relatório mundial sobre mortalidade infantil.

Oitenta e cinco por cento do total das mortes (5,4 milhões) ocorreram nos primeiros 5 anos de vida. Dessas mortes, aproximadamente a metade é de recém-nascidos.

bebê, recém-nascido
Segundo o relatório, 5,4 milhões de mortes ocorreram nos primeiros 5 anos de vida, sendo que metade foi de recém-nascidos - Arquivo/Agência Brasil

Segundo a OMS, a maioria das crianças menores de 5 anos morreu de “complicações durante o parto, pneumonia, diarreia, sepse neonatal [infecção bacteriana] e malária”. No caso de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, as principais causas são lesões por causa de afogamento e de acidentes de trânsito.

O relatório ainda alerta que se nada for feito urgentemente para reverter essas tendências, 56 milhões de crianças de menos de 5 anos morrerão até 2030. Dessas, metade será recém-nascida.

Apesar do cenário e das projeções preocupantes, entre 1990 e 2017, houve redução da mortalidade infantil no conjunto dos dados globais. A taxa de mortalidade na faixa etária até 5 anos caiu de 93 para 39 mortes para cada mil nascidos vivos. Entre os bebês, no período neonatal (até 28 dias), a taxa caiu de 37 para 18 mortes para cada mil nascidos vivos.

A mortalidade entre as crianças de mais de 5 anos e os adolescentes com menos de 15 anos caiu de 15 para 7 entre cada mil pessoas na faixa etária.

Desigualdade

Mesmo com avanços globais, persistem desigualdades. A OMS salienta que há diferenças regionais nas principais causas de morte na infância e adolescência. “O risco de uma criança morrer na África Subsaariana é 15 vezes maior do que na Europa”. Metade das mortes nessas fases da vida ocorreu naquela região africana e 30% no sul da Ásia.

“Um bebê nascido na África Subsaariana ou no sul da Ásia tem nove vezes mais chances de morrer durante o primeiro mês que um bebê nascido em um país de alta renda”, compara a OMS.

A taxa de mortalidade de menores de 5 anos na África Subsaariana é mais de quatro vezes maior do que na América Latina e Caribe: 76 crianças mortas prematuramente em cada grupo de mil nascidos vivos e 18 crianças mortas em mil nascidos vivos, respectivamente.

Países falantes da língua portuguesa

Também hoje, o boletim ONU News informou que o Brasil foi o país de língua portuguesa onde houve maior redução da mortalidade de crianças com menos de 5 anos entre 1990 e 2017.

Nesse período, a taxa de mortalidade caiu de 63 para 15 em cada mil nascidos vivos. Uma média de redução da taxa de mortalidade de 5,4% a cada ano, queda mais acentuada do que a de Portugal (5,1% a cada ano), que em 2017 tinha uma taxa de mortalidade que equivalia quase à metade da brasileira: 8 para cada mil nascidos vivos. Os dados são do relatório Níveis e Tendências de Mortalidade Infantil, publicado pela ONU em Genebra (Suíça).

A mortalidade infantil, assim como a longevidade, é um dos indicadores de saúde utilizados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Brasil (79º) está quase 40 posições atrás de Portugal (41º) no IDH.

Segundo a ONU, as condições da infância no Brasil e Portugal são melhores que nos demais falantes da língua portuguesa. Em 2017, morreram 17 crianças até 5 anos em cada mil em Cabo Verde; 32 crianças em cada mil em São Tomé e Príncipe; 42 em cada mil em Moçambique e 48 crianças em cada mil no Timor-Leste. No ano passado, Angola teve 81 mortes em cada grupo de mil e Guiné-Bissau teve 84 mortes em cada mil.

Edição: Juliana Andrade

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