Museu do Amanhã ganha prêmio internacional por modelo de gerenciamento

Publicado em 01/10/2018 - 22:04 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O modelo de gerenciamento do Museu do Amanhã, instalado na região portuária do Rio de Janeiro, foi reconhecido com a conquista do Leading Culture Destinations Awards 2018 (LCD Awards), na categoria Melhor Organização Cultural do Ano para Promoção de Soft Power.

Para ganhar o prêmio, o Museu do Amanhã superou concorrentes de peso como o Louvre de Abu Dhabi e o Museu de Vancouver. O LCD Awards, considerado o Oscar dos museus, é o maior prêmio internacional concedido a instituições, organizações artísticas e cidades que são destinos culturais.

Museu do Amanhã
O Museu do Amanhã superou concorrentes como o Louvre de Abu Dhabi e o Museu de Vancouver - Cristina Índio do Brasil

A categoria de Soft Power avalia ainda capacidade da instituição de influenciar positivamente a sociedade na qual ela está inserida e o quanto o museu é criativo o suficiente para engajar as pessoas nos temas que desenvolve. A expressão foi usada pela primeira vez pelo professor da Universidade Harvard Joseph Nye, no final dos anos 1980.

“Isso para nós é a essência de um museu. O propósito principal de um museu é que ele crie condições de receber os seus visitantes e as pessoas que vão ali usufruir daquela experiência, para que possam de alguma maneira serem tocados, impactados e leve os seus visitantes à reflexão sobre os temas”, disse o diretor-presidente do Museu do Amanhã, Ricardo Piquet, em entrevista à Agência Brasil.

Essa não foi a primeira vez que o espaço cultural é premiado. Em 2016, tinha recebido o título de Melhor Novo Museu do Ano das Américas e Caribe. No ano passado, conquistou o Prêmio Internacional Mipim Awards, em Cannes, por ser uma construção sustentável. Também em 2017, em Nova York, recebeu o reconhecimento da Brazil Foundation como gestão inclusiva.

“O Museu do Amanhã tem como base ética a sustentabilidade, que é a nossa relação com o planeta, e a convivência que é a nossa relação uns com os outros. Montamos a nossa programação, desde seminários, debates, eventos, feiras, laboratórios de pesquisa, para envolver as pessoas nestes dois temas. Isso é o que faz a diferença do prêmio na comparação aos outros prêmios que o museu já recebeu”, disse.

Inclusão social

Piquet lembrou que, como gestão inclusiva, o Museu do Amanhã desenvolve programas com moradores vizinhos e estudantes de 45 escolas da região portuária. Até agora, já foram concedidas 4 mil carteiras da instituição para que eles possam fazer visitas a qualquer momento. No caso das crianças, elas podem ser acompanhadas por um adulto.

“A criança convida o adulto e o convence que é uma boa visita. O custo-benefício é legal. Temos um programa, muito estudado e elogiado por outros museus, que trabalha o engajamento da comunidade vizinha como o primeiro público”, contou. O programa dá o convite para visitar a instituição e um ingresso para um outro museu de escolha do aluno. “A maioria, cerca de 80%, nunca frequentou um museu. Isso cria um fato novo e uma ambiência nova para os museus”, afirmou.

Além disso, todos os alunos das redes federal, estadual e municipal podem visitar o museu com ingresso grátis nas terças-feiras. “Recebemos, em média, 75 mil alunos por ano”.

Para Piquet, que representou a instituição na cerimônia de premiação, em Londres, o prêmio chegou no momento em que o Brasil atravessa uma situação conturbada.

“No momento de tanta coisa complicada e o mundo meio esquisito aqui no Brasil, após esta tragédia do Museu Nacional, a gente fica até meio constrangido em dar uma notícia boa. Acho que é o momento que leva a isso, mas temos que celebrar, sim, e que isso possa inspirar outras gestões e outros museus para que a gente leve boas notícias do Rio para fora”, observou.

Modelo de gestão

O Museu do Amanhã é uma iniciativa da Prefeitura do Rio, concebida em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, patrocínio máster do Banco Santander e parcerias com empresas como Shell, IBM, IRB-Brasil RE, Engie, Grupo Globo e CCR. A administração é feita pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), contratado pela administração municipal, dona do equipamento.

Segundo o diretor, o Museu vai fechar o ano com 85% da receita cobertos com fontes privadas como ações de patrocínio e ainda a venda de ingressos e eventos internos. Apesar das dificuldades financeiras da prefeitura, que reduziu este ano o seu orçamento com a instituição, serão liberados pelo governo municipal os 15% restantes.

“Com este esforço conjunto nós chegamos a 3 milhões e 100 mil visitantes em menos de 3 anos. Isso nos dá uma média superior a 1 milhão de visitantes por ano, que é um número relevante em qualquer lugar no mundo, principalmente aqui no Brasil. É o museu mais visitado no Brasil. O prêmio é um reconhecimento de um esforço coletivo”, apontou.

Edição: Davi Oliveira

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