Escola mirim da Grande Rio homenageia Villa-Lobos neste carnaval

Crianças ensaiaram nos jardins do museu sobre compositor

Publicado em 23/02/2019 - 18:17 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Se escola é lugar de aprender, as crianças e adolescentes da Pimpolhos da Grande Rio, escola de samba mirim da agremiação de Duque de Caxias, estão levando a tarefa e aprendendo sobre a obra do compositor Heitor Villa-Lobos. Este ano, o enredo será Carnaval das Crianças Brasileiras de Heitor Villa-Lobos, uma homenagem à música Carnaval das Crianças, que completa 100 anos em 2019.

Na época, o compositor fez a obra para um balé. Por isso, o tema foi proposto pelo Museu Villa-Lobos junto com o Museu Nacional de Belas Artes.

“Nada mais natural em se falando de Villa-Lobos do que celebrar com uma escola de samba mirim, no caso a Pimpolhos que tem um projeto magnífico de carnaval pedagógico. Eles trabalham com arte e educação para as crianças. Eles também têm um projeto pedagógico chamado Balé no Samba. Então, fechou a ideia. Vamos celebrar os 100 anos com um balé no samba com as crianças na avenida”, disse a diretora do Villa-Lobos, Cláudia Castro em entrevista à Agência Brasil.

Pimpolhos da Grande Rio faz ensaio aberto no Museu Villa-Lobos
Pimpolhos da Grande Rio faz ensaio aberto no Museu Villa-Lobos - Repórter Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Comissão de frente e desenhos de Di Cavalcanti

A comissão de frente trará personagens ligados ao universo musical de Villa-Lobos, como a Pierrette, o Dominozinho, o Trapeirozinho e o Mascarado Mignon. O enredo falará sobre o folclore brasileiro, marca do maestro. “Nessa obra, Villa-Lobos registrou a ideia de preservação dos carnavais de rua, as crianças brincavam nos carnavais de rua. Os personagens são lembrados das fantasias daquele momento cerca de 1910, 1920”, contou a diretora.

Para as fantasias, a inspiração veio de desenhos do artista plástico Di Cavalcanti para personagens do balé (que nunca foi encenado), guardados no acervo do Museu Nacional de Belas Artes. “O carnavalesco teve acesso aos desenhos na reserva técnica do Museu de Belas Artes e fez os desenhos dele em cima do que Di Cavalcanti havia proposto”, revelou.

Gabriela Alves, 12 anos, e Iago Macedo, 14 anos, formam segundo casal da Pimpolhos da Grande Rio
Gabriela Alves, 12 anos, e Iago Macedo, 14 anos, formam segundo casal da Pimpolhos da Grande Rio - Repórter Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Vida do compositor

A diretora-executiva da Pimpolhos da Grande Rio, Camila Soares, disse que após a escolha do enredo as crianças e jovens fizeram uma série de atividades tanto na quadra como nos museus para conhecerem mais a vida do compositor. “Esse enredo tinha muito conteúdo, além disso tinha muitas
possibilidades de desdobramentos, que é uma coisa que a gente busca. O enredo sempre acaba sendo um tema transversal a todas as atividades educativas da Pimpolhos e a gente vai trabalhando com ele ao longo do ano, nas nossas oficinas de teatro, dança, maquiagem, leitura e escrita. Como o
museu também tem uma série de ações educativas, a gente também pôde trazer as crianças aqui para conhecerem as obras de Villa-Lobos".

Para o mestre-sala, Iago Macedo, de 14 anos, é bom juntar a alegria da escola com o aprendizado sobre Villa-Lobos. “É bom que a gente pode ver como eram as crianças antigamente no carnaval. Deu para ver muita coisa nas três visitas. A gente já entra na avenida sabendo o que está representando no samba da escola”, contou o menino, que sonha um dia ser mestre-sala na Grande Rio.

Sua parceira de avenida, a porta-bandeira Gabriela Alves de Oliveira, de 12 anos, também gostou do enredo. “É muito importante para a gente porque aprende mais com o enredo. A escola incentiva muito a gente a estudar. Acho muito bom para as crianças e tenho que lembrar de tudo, porque eu carrego o pavilhão da escol ”, revelou orgulhosa. Gabriela faz par com Iago há três anos como segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da Pimpolhos.

Ensaio

E os jardins do Museu Villa-Lobos, em Botafogo, na zona sul do Rio, foi o local para um ensaio aberto ao público. Pouco antes da Pimpolhos chegar ao local, alunos da Escola Municipal Francisco Alves participavam de uma das ações educativas do museu. A integração foi imediata e os alunos caíram no samba. “Achei muito legal", disse Jeniffer, de 8 anos.

Parte da animação veio de David Lucas, de 7 anos, que há quatro anos é um dos intérpretes da Pimpolhos. “Acho uma inspiração enorme.” E contou qual o trecho do samba que mais gosta: "Momo menino batute aí/ Tuhu tuhu nosso trem já vai partir/ Vou com a Pimpolhos bailar na Sapucaí".

Tuhu é uma referência ao apelido de infância de Villa-Lobos, que era encantando com o som das locomotivas.

A Pimpolhos será a quinta das 16 escolas a desfilarem no Sambódromo na terça-feira de carnaval (5), a partir das 17h30,  dia em que se completa 132 anos de nascimento do compositor.

Edição: Carolina Pimentel

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