“Irreverência e pé no chão” são as marcas da Banda de Ipanema

Segundo presidente da banda, estes são os segredos do bloco

Publicado em 03/03/2019 - 08:48 Por Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Em clima de irreverência e descontração, milhares de foliões marcaram presença na tradicional Banda de Ipanema pelas ruas do bairro. O tom da festa foi dado pelas marchinhas do carnaval antigo que marcaram época e nos tradicionais sambas-enredo das escolas de samba na passagem pela orla do bairro e também do seu grande homenageado deste ano, deste ano, o cantor Paulinho da Viola.

A banda que é patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, não usa carro de som nos desfiles. O som vem dos instrumentos e do canto direto dos seus músicos profissionais e amadores, que fazem o desfile a pé junto aos foliões.

O presidente da Banda de Ipanema, Cláudio Pinheiro, 83 anos, disse “que o ponto alto da passagem da banda é a irreverência e pé no chão”.

Foliões

A técnica de enfermagem Fernanda Teodoro não perde os desfiles do bloco. Ela emendou a folia do Cordão da  Bola Preta, que desfilou pela manhã ontem (2), no centro do Rio, com a da tradicional banda, que saiu à tarde.

“O carnaval do Rio é o melhor que tem. Eu já desfilei em outros lugares, mas não tem nada igual à apresentação da banda”, disse.

Andrea Procoli foi outra que reuniu fôlego para aproveitar os dois blocos tradicionais./ Ela e a família saíram cedo de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e capricharam na fantasia de“Joaninha”.

“Há mais de cinco anos eu saio na Banda de Ipanema. É muito bom aqui. É uma banda tranquila, familiar e a gente consegue curtir com total segurança”, avaliou.

História

A Banda de Ipanema desfilou pela primeira vez pelas ruas do bairro no Carnaval de 1965. A fundação foi um pouco antes em 1964. A inspiração para a criação da banda surgiu na cidade de Ubá, em Minas Gerais, em 1959, depois que alguns dos fundadores assistiram ao desfile da agremiação Phylarmônica Em Boca Dura com os músicos desfilando e divertindo os foliões pelas ruas.

Alguns anos depois, liderados por Albino Pinheiro, Ferdy Carneiro e os cartunistas Jaguar e Ziraldo, a Banda de Ipanema saiu pela primeira vez e reuniu cerca de 10 mil pessoas. O desfile contrariou a recém instaurada ditadura militar, que proibia que mais de 50 pessoas se reunissem em locais públicos.

Além de fazer história, influenciando o surgimento de novos blocos de rua, a Banda de Ipanema foi o primeiro bem imaterial reconhecido oficialmente como patrimônio cultural da cidade do Rio, em janeiro de 2004, o que a tornou referência da cultura do carnaval carioca, com o objetivo de conservar a memória imaterial da cidade.

*Colaborou Fabiana Sampaio, repórter do Radiojornalismo no Rio de Janeiro.

 

Edição: Valéria Aguiar

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