Polícia combate quadrilha que atua no Camelódromo do Rio

Ministério Público também participa da operação

Publicado em 04/12/2019 - 09:40 Por Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/Mprj) e a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) deflagraram, hoje (4), a operação Camelus para cumprir mandados de busca e apreensão contra oito denunciados, acusados de integrarem um grupo criminoso com atuação no Centro Comercial da Uruguaiana (CCU), conhecido como Camelódromo da Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro.

A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informou que os mandados estão sendo cumpridos em endereços de diversos municípios do estado, inclusive da Baixada Fluminense.

Segundo a Sepol, as investigações indicam “indícios de que tanto a atual administração do CCU quanto a antiga praticam extorsões e aquisições e boxes de forma irregular no mercado popular da Uruguaiana”.

Como o grupo agia

Conforme denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público, no período de abril de 2015 a maio de 2018, com a participação de agentes públicos, os denunciados praticavam, entre outros, crimes de extorsão de comerciantes, venda e cessão irregular de espaço público permissionário, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

As investigações indicaram ainda que praticavam outras irregularidades, colocando em risco a vida de comerciantes e frequentadores do local.

De acordo com o Ministério Público, o grupo utilizava esquema criminoso para, por meio da associação de comerciantes do local, “usurpar funções públicas que deveriam ser desempenhadas pelo estado e pelo município do Rio de Janeiro, utilizando-se ainda de agentes públicos, responsáveis por inibir a efetiva fiscalização e garantir a omissão estatal, viabilizando assim a construção irregular em espaço público, alteração fraudulenta de titularidade de boxes no cadastro de permissionários junto à Prefeitura, bem como o fomento às demais práticas criminosas”.

Após a denúncia do Gaeco/Mprj, a Justiça determinou o afastamento dos integrantes da organização criminosa de suas funções no Centro Comercial Uruguaiana, e ainda de um servidor municipal denunciado, de toda e qualquer atividade vinculada à Secretaria Municipal de Ordem Pública e à Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização, sem prejuízo de sua designação para outra atividade administrativa, até o julgamento do mérito.

Armas apreendidas

A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informou que, até o início da tarde de hoje, foram apreendidas quatro pistolas e documentos relacionados à contabilidade dos envolvidos, além de recibos de pagamentos, que estão em análise. O material foi encontrado na operação Camelus.

Agentes da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas colheram depoimentos de investigados e, segundo a Sepol, conseguiram informações importantes para as investigações. Eles querem saber qual é o envolvimento das gestões atual e passada do mercado popular da Uruguaiana.

Conforme apurou-se, além de gerenciar o aluguel e a venda irregular de boxes, a CCU cobrava taxas semanais dos comerciantes a título segurança, limpeza do local e suposto rateio da conta de luz. De acordo com a Sepol, quem não pagava o valor pedido poderia ser expulso, com perda do ponto de venda.

O ex-presidente do Centro Comercial da Uruguaiana, José Lopes do Nascimento, e o atual, Antenor Pereira de Jesus Filho, são alvos das investigações.

*Matéria alterada às 13h17 para acréscimo de informações

Edição: Kleber Sampaio

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