Boias vão garantir melhores condições de navegabilidade no Amazonas

Marinha e a Unipilot implantarão novo sistema

Publicado em 09/02/2022 - 18:10 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

A Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot) e o Comando do 4º Distrito Naval assinaram um protocolo que prevê a criação de um sistema de calado dinâmico na barra norte do Rio Amazonas, para aumentar a capacidade de carga transportada pelos navios e, em consequência, elevar a competitividade da região. A Marinha fará o gerenciamento técnico do projeto, enquanto a Unipilot se encarregará do gerenciamento operacional, entrando com a parte física de material e equipamentos.

O gerente da Unipilot, Fernando Câmara, explicou hoje (9) à Agência Brasil que o atual sistema de navegação na barra norte, em que o trecho é raso e lamoso, tem limitação de calado, e para poder transportar mais carga é preciso explorar a variação da maré, entre outros fatores. O calado é a medida da parte submersa do navio, ou seja, que fica embaixo d'água. O sistema que será desenvolvido vai garantir mais informações ao tráfego de embarcações no Rio Amazonas.

Boias

Câmara disse que serão instaladas três boias com sensores de marés, vento e correntes. “Com a leitura dessas três boias, a gente vai conseguir estabelecer com precisão a altura da maré, que varia muito de acordo com a época do ano, e ter conhecimento sobre todas as outras variáveis. A partir daí, vamos criar uma sistemática de informar aos terminais quais os valores de carregamento que eles vão conseguir explorar para conseguir o máximo de transporte de carga”. 

O calado atual alcança 11,70 metros. A expectativa com o novo sistema de informação é chegar aos 13 metros, disse Câmara.

Até o fim deste mês, será instalada a primeira das três boias que vão alimentar o sistema com informações sobre correntes, altura das marés, ventos, densidade da água. O objetivo da Marinha e da Unipilot é garantir uma navegação com mais segurança e maior capacidade de transporte de carga. “O valor transportado fica mais competitivo. Aí há mais movimento, mais recursos, mais geração de empregos e benefícios para a sociedade”, disse Câmara.

A primeira boia ficará em testes durante três meses para verificar a resposta dos equipamentos e sensores e sua ancoragem. Se tudo der certo, a boia será recolhida e feitos os ajustes que se julgarem necessários antes do lançamento da segunda boia. O conjunto das três boias propiciará uma leitura de toda a região com precisão. “Com a leitura de fundo e com a leitura de maré, a gente saberá exatamente onde passar e a que horas passar para obter melhor resultado”, explicou. 

A cooperativa vai iniciar agora testes para calado de 11,90 metros. Câmara disse que com a leitura das marés com mais precisão, poderão atingir calado de 13 metros e mais oportunidades de transporte, com folgas menores.

O Comando do 4º Distrito Naval informou que todas as informações coletadas pelas boias serão compartilhadas via satélite com a Marinha, “responsável por autorizar o calado máximo na região”. 

Em nota, o Comando do 4º Distrito Naval esclareceu que “o desenho hidrodinâmico dos equipamentos foi adaptado para a realidade do maior estuário amazônico, para evitar que saiam da posição. A iniciativa conta com o apoio técnico da Argonáutica, empresa que nasceu na Universidade de São Paulo (USP) e desenvolveu o calado dinâmico no Porto de Santos, e do Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)”.

Exportação

O gerente do Unipilot avalia que o projeto vai favorecer a exportação agrícola nacional que usa a hidrovia do Arco Norte, em especial de produtos como soja, milho, minério de ferro e bauxita. Vai auxiliar também a cabotagem de navios que vão entrar por Manaus e que poderão transportar mais contêineres. 

Fernando Câmara informou que, hoje, um navio Panamax, em um calado de 11,70 metros, carrega cerca de 57 mil toneladas, quando o padrão é carregar 68 mil toneladas. “Então, nós estamos pagando pelo mesmo com 10 mil toneladas a menos”. Isso significa, segundo ele, perda de competitividade em comparação com outros terminais que carregam mais. A vantagem é a localização mais próxima das áreas produtoras situadas mais ao norte da região.

Edição: Fernando Fraga

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