Cônsul alemão no Rio será submetido à audiência de custódia hoje

Ele é suspeito de envolvimento na morte do marido

Publicado em 07/08/2022 - 11:12 Por Alana Gandra - Rio de Janeiro

O cônsul alemão no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn, 60 anos, preso no começo da noite de ontem (6), por suspeita de envolvimento na morte do marido, o belga Walter Henri Maximillen Biot, de 52 anos, será submetido à audiência de custódia. Será neste domingo (7) , no presídio de Benfica, onde um juiz vai apreciar as circunstâncias do flagrante, para apurar se a prisão é legal, se foram respeitados os direitos do custodiado, se ele teve direito a chamar advogado, por exemplo.

Antes da audiência, porém, a delegada Camila Lourenço, da 14ª Delegacia Policial (DP) do Leblon, onde Uwe Herbert Hahn está preso, disse à Agência Brasil que quer fazer algumas perguntas ao diplomata. Camila informou que o procedimento seguiu todo o trâmite regular, inclusive sendo acompanhado pelo cônsul-geral adjunto da Alemanha no Rio, que “esteve todo o tempo na delegacia”, e foi acionado pela própria delegada, “por uma deferência e respeito ao corpo consular”, indicou Camila.

Camila Lourenço. delegada assistente da 14ª Delegacia Policial (DP) do Leblon, zona sul da cidade, onde o cônsul alemão no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn, 60 anos, foi preso no começo da noite de ontem (6),
Camila Lourenço. delegada assistente da 14ª Delegacia Policial (DP) do Leblon, zona sul da cidade - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Hahn e Biot viviam há 23 anos e moravam, atualmente, em uma cobertura no bairro de Ipanema, zona sul carioca. Camila Lourenço informou que o caso será conduzido pela própria DP e não irá para a Delegacia de Homicídios. “O caso foi apreciado pela 14 DP. Ele foi autuado em flagrante, pelo crime de homicídio. A Delegacia de Homicídios ficou fora dessa investigação”.

Laudo fala

A delegada está convicta que o diplomata matou o marido. “Com certeza. Eu costumo dizer que o laudo pericial do cadáver também fala. Ele grita as circunstâncias da sua morte”, afirmou Camila Lourenço. O laudo pericial constatou diversas lesões por todo o corpo, decorrentes de ações contundentes, lesões compatíveis com espancamento, com pisadura, com emprego de instrumento cilíndrico, lesões na região anal, no rosto, na cabeça. Em princípio, o que determinou a causa da morte foi o traumatismo encefálico na região próxima da nuca.

Segundo a delegada, as conclusões da necrópsia e do laudo pericial estão na contramão da versão do cônsul. “A versão dele é muito frágil, é fantasiosa, é repleta de lacunas. Então, de forma muito segura, eu concluí pela existência de um homicídio”. A delegada assegurou que Uwe Herbert Hahn agiu sozinho. Explicou que foram encontradas muitas cartelas de medicamento ansiolítico no apartamento, o que sinalizava consumo em abundância e indicava que a vítima estava dopada, “o que tirou a possibilidade de qualquer resistência”.

A Agência Brasil procurou representantes do Consulado da Alemanha no Rio, mas os telefones não foram atendidos. Na sexta-feira (5) à noite, serviços de emergência foram chamados para socorrer Biot que, segundo alegou Hahn, havia sofrido um mal súbito, caído e batido a cabeça. Os médicos encontraram a vítima com parada cardiorrespiratória e várias lesões. O corpo foi enviado ao Instituto Médico Legal (IML) para perícia.

 

Edição: Nira Foster

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