Ministros do Brics criticam resposta à crise econômica e temem impactos no bloco
Publicado em 14/07/2014 - 20:35 Por Daniel Lima e Sabrina Craide - Enviados especiais - Fortaleza
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, informou hoje (14) que os ministros dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) veem com preocupação a lenta retomada da economia mundial, com prejuízos aos investimentos e ao fluxo de comércio. Ele leu o documento final do encontro de ministros de comércio reunidos na 6ª Cúpula do Brics, que ocorre em Fortaleza.
“Especificamente, (os ministros) observam que as incertezas relacionadas ao crescimento econômico global e às respostas de política econômica dos países desenvolvidos podem levar ao aumento da volatilidade dos mercados financeiros e, neste sentido, provocar desdobramentos não desejáveis para a economia mundial”, disse.
Os ministros do bloco enfatizaram que é necessário melhorar a governança internacional das estruturas globais para uma coordenação de política e prosperidade dos países. Os ministros acreditam também que, a despeito desse cenário desafiador, os países do Brics continuam a contribuir de forma decisiva para a recuperação econômica mundial.
“Eles reconheceram que o comércio e os investimentos entre os países do grupo aumentou significativamente nos anos recentes, de 2002 para cá, mas mais acentuadamente a partir da grande crise de 2008”, destacou. De acordo com o comunicado, o grupo está disposto a impedir qualquer iniciativa protecionista que afronte à Organização Mundial do Comércio (OMC), dos quais os cinco países são signatários.
Os ministros também destacaram que o sucesso do encontro de Bali, ocorrido em dezembro de 2013, tem o apoio do Brics em relação aos objetivos nos cronogramas que foram estabelecidos, de forma que se estabeleça o papel central da OMC e as regras globais de comércio. Os ministros enfatizaram a necessidade da conclusão da Rodada Doha e se comprometeram a dedicar esforços para assegurar um programa de trabalho na OMC para fortalecer uma estrutura de comércio mais equilibrada, inclusiva voltada para o desenvolvimento.
A Rodada Doha é um ciclo de negociações para liberalização do comércio mundial, iniciado em 2001. Os principais impasses estão nas negociações entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos nos setores de agricultura, facilitação de comércio, dos serviços e manufaturados.
Outro ponto apontado no documento foi um estudo preparado pelo Grupo de Relações para Assuntos Econômicos e Comércio (Cgeti, na sigla em inglês), que faz recomendações importantes para agregar valor às exportações entre os países do Brics e garantir que o comércio seja mais sustentável.
Os ministros de comércio do bloco também reafirmaram a importância do diálogo contínuo sobre acordos de investimentos internacionais e enfatizaram a necessidade de fortalecer a cooperação no comércio eletrônico entre os países do Brics.
Amanhã (15), durante a reunião de cúpula, os chefes de Estado dos cinco países vão deliberar sobre a criação do novo banco de desenvolvimento do bloco, que financiará projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Também deverá ser criado o Arranjo Contingente de Reservas – linha de defesa adicional para os países do bloco em cenários de dificuldade de balanço de pagamento.
Em Brasília, na próxima quarta-feira (16), ocorrerá reunião de trabalho entre os mandatários dos países do Brics e chefes de Estado e de Governo da América do Sul.
Edição: Luana Lourenço