Ex-líder de Hong Kong apela à ala democrata para não vetar reforma política

Publicado em 03/09/2014 - 10:15 Por Da Agência Lusa - HONG KONG

O ex-chefe do Executivo de Hong Kong Tung Chee-hwa apelou hoje (3) aos deputados da ala democrata para não vetarem a controversa reforma política anunciada no domingo pelo governo chinês. Primeiro chefe do Executivo do território após a transferência da soberania em 1997 e, atualmente, um dos vice-presidentes da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), Chee-hwa lançou o apelo a “todo o espectro político” para colocar de lado suas diferenças e alcançar o sufrágio universal em 2017, de modo que a próxima eleição possa ser a “real e substancial” democracia.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1,2 mil pessoas, que seus cidadãos poderiam escolher o  líder do território em 2017. Esse domingo (31/8), porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comitê de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três candidatos serão selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto, mas somente após o que os democratas chamam de "triagem". A reforma proposta precisa ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong, o Parlamento local, e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 pró-democratas anunciaram compromisso com o veto.

Apesar de afirmar compreender plenamente a raiva e a desilusão do campo democrata, Chee-hwa disse, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong, que o território alcançou uma “brilhante conquista” rumo à democracia desde os dias em que a Grã-Bretanha costumava mandar os seus governadores e em 1997, quando ele próprio foi escolhido chefe do Executivo por uma elite de 400 pessoas.

Chee-hwa também declarou sua oposição aos atos de desobediência civil planejados por movimentos da ex-colônia britânica em protesto contra a reforma política anunciada, no último domingo, pela Assembleia Popular Nacional.

A promessa de levar a cabo uma campanha de desobediência civil foi feita pelo Occupy Central, que está na linha da frente das manifestações em Hong Kong e ameaçou paralisar o distrito financeiro do território. Porém, Benny Tai, um dos cofundadores, surpreendeu ao admitir que o movimento fracassou até ao momento e reconhecer que o apoio público à causa do seu movimento está enfraquecendo.

O anúncio de domingo sobre o método de eleição do chefe do Executivo em 2017 desencadeou nova onda de contestação na ex-colônia britânica, palco de vários protestos nos últimos meses relacionados ao método de eleição do chefe do Executivo.

Nesta terça-feira, em artigo para o jornal Financial Times, o último governador de Hong Kong, Chris Patten, defende que Londres tem uma “contínua obrigação moral e política” de garantir que a China respeite os seus compromissos no sentido de garantir o seu modo de vida por 50 anos, contados a partir da data de transferência, em 1997. Neste sentido, Chris Patten chamou o Reino Unido a "se erguer” pela democracia na sua antiga colônia. No mesmo dia, a China acusou o Reino Unido de ingerência em seus assuntos internos.

Edição: Denise Griesinger

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