Cinzas do vulcão chileno Calbuco podem chegar a Santiago

Publicado em 23/04/2015 - 21:15 Por Monica Yanakiev - Correspondente da Agência Brasil/EBC - Buenos Aires

As cinzas do vulcão chileno Calbuco – que depois de meio século de inatividade entrou em erupção duas vezes, em menos de 24 horas – cruzaram a Cordilheira dos Andes e chegaram à Patagônia argentina, afetando alguns dos destinos turísticos prediletos dos brasileiros: Bariloche, Villa La Angostura e San Martin de los Andes. Segundo o meteorologista Rene Garreaud, da Universidade do Chile, os ventos também podem levar as cinzas a Santiago, nesta sexta-feira (24), apesar de a capital chilena ficar a mais de mil quilômetros (km) ao norte do vulcão.

O Chile tem cerca de 500 vulcões potencialmente ativos. O Calbuco era considerado o terceiro mais perigoso, mas ninguém estava preocupado em observá-lo, porque estava adormecido desde 1972. Ele despertou abruptamente, depois de 43 anos, na quarta-feira (22) à tarde, expelindo cinzas e lava. Uma enorme nuvem de 10 km de altura – parecida com um cogumelo gigante – se formou no céu azul da cidade de Puerto Montt, que fica a 50 km. A segunda explosão, mais forte, ocorreu na madrugada desta quinta-feira (23), provocando pânico na população.

O município de Ensenada, a 15 km do vulcão, ficou coberto por uma camada de meio metro de cinzas e houve até chuva de pedras. A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, decretou alerta sanitário em um perímetro de 20 km ao redor do vulcão. Mais de 4 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas.

Dezenas de voos foram cancelados e cinco postos fronteiriços com a Argentina, fechados. Do lado argentino, o diretor da Defesa Civil de Bariloche, Pablo Cavalli, disse que todos os voos tinham sido cancelados. O transporte terrestre continua funcionando, mas os motoristas foram instruídos a dirigir com muita cautela, por causa da pouca visibilidade. Muitos moradores preferiram ficar em casa ou saíram com os rostos cobertos por máscaras, para evitar respirar as cinzas, que escureceram o céu.

Em 2011, outro vulcão chileno – o Copahue – acabou com a temporada turística da Argentina nas imediações da região de influência da erupção, que todos os invernos acolhe milhares de estrangeiros, ansiosos por ver neve ou praticar esqui. Mas, desta vez, os especialistas dizem que as consequências na Argentina não serão tão sérias.

Para o Chile, no entanto, este é um ano de sucessivas catástrofes naturais: seis inundações (inclusive no deserto do Atacama, o mais árido do mundo), 20 incêndios e erupções vulcânicas.

Edição: Stênio Ribeiro

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