Bachelet anuncia novo gabinete para enfrentar crise de credibilidade

Publicado em 11/05/2015 - 15:30 Por Monica Yanakiew – Correspondente da Agência Brasil/EBC - Buenos Aires

A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, anunciou nesta segunda-feira (11) um novo gabinete para enfrentar a crise de credibilidade que afeta seu governo e a classe política em geral. A desaceleração da economia e sucessivos escândalos de corrupção – envolvendo empresários, partidos políticos e também o filho e a nora de Bachelet, Sebastian Davalos e Natalia Compagnon – levaram à queda de popularidade de Bachelet.

Há 14 meses, a presidenta chilena assumiu o segundo mandato, com aprovação de seis em cada dez chilenos. Em abril deste ano, segundo as últimas pesquisas de opinião, 64% dos entrevistados desaprovavam sua gestão.

Bachelet – que já havia pedido desculpas pelo escândalo envolvendo seu filho, cujos negócios ela diz desconhecer – criou uma comissão para propor medidas de combate à corrupção empresarial e política. No entanto, segundo pesquisas de opinião, o pacote não foi suficiente: sete em cada dez entrevistados cobravam maior liderança e firmeza do governo.

No último dia 6, a presidenta surpreendeu os chilenos ao anunciar, em uma entrevista a um canal de televisão, que tinha pedido a renúncia de todos os seus ministros e que precisaria de 72 horas para decidir quem ficaria.

Na reforma ministerial, considerada a maior em 25 anos de democracia, cinco ministros saíram. As principais trocas de comando foram no Ministério do Interior, em que Gustavo Peñailillo foi substituído pelo ex-ministro da Defesa, Jorge Burgos; e no Ministério da Fazenda, em que Alberto Arenas foi substituído pelo economista Rodrigo Valdés. 

“Peñailillo era homem de confiança da presidenta, mas também era considerado responsável pela forma como Bachelet lidou com o escândalo envolvendo o filho. Seu substituto [Jorge Burgos] é um homem respeitado por todos os partidos políticos”, disse em entrevista à Agência Brasil, o analista político Guillermo Holzmann. “Valdes tem um bom diálogo com os empresários”, completou o especialista.

Para Holzmann, toda a atenção agora está voltada para o discurso que Bachelet fará no dia 29 de maio, quando prestará contas ao Congresso de seu primeiro ano de governo. Ela cumpriu boa parte das promessas que fez em campanha – como a reforma da legislação eleitoral, herdada do ditador Augusto Pinochet, que impedia a participação de partidos menores, e reformas tributárias e educacionais.

“Os desafios agora vão ser a aprovação das medidas de combate à corrupção que ela propôs em abril, assim como o aprofundamento das reformas educacional e trabalhista, e planos energéticos e sociais”, disse o analista político.

Ter ministros com bom diálogo com políticos e empresários, segundo Holzmann, será necessário para que Bachelet consiga aprovar as cerca de 40 medidas de seu plano de combate à corrupção. As principais acabam com a reeleição de parlamentares que, como no Brasil, não tem limite para renovar suas cadeiras na Câmara dos Deputados ou no Senado; impede que empresas privadas financiem campanhas políticas e obriga um número maior de funcionários públicos a tornarem públicas suas declarações de Imposto de Renda.

Em discurso, Bachelet lembrou que em 100 dias de governo seus 23 ministros ajudaram o governo a colocar em prática 53 medidas e transformar em lei 123 projetos. O problema, diz Holzmann, é que o cenário político acabou sendo dominado pelos escândalos de corrupção.

No caso envolvendo o filho e a nora de Bachelet, eles são acusados de usar tráfico de influênca e informação privilegiada para obter um empréstimo bancário de US$ 10 milhões. O dinheiro foi usado para comprar terrenos agrícolas, antes que fossem reclassificados urbanos, e revendê-los por US$ 15 milhões.

Outro escândalo envolve empresários que sonegavam impostos e financiavam campanhas de partidos políticos, inclusive da oposição, de forma irregular.

Edição: Denise Griesinger

Últimas notícias