Rodríguez e Kerry criam comissão para discutir direitos humanos e democracia

Publicado em 14/08/2015 - 17:12 Por Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil* - Brasília
Atualizado em 14/08/2015 - 19:08

epa04883695 A handout picture provided by cubadebate shows US Secretary of State John Kerry (L) and Cuban Foreign Minister Bruno Rodriguez (R), meet after the flag-raising ceremony at the reinaugurated US Embassy to Cub

Segundo Kerry e Rodríguez, comissão bilateral deve se reunir no início de setemboEPA/Lusa/Direitos Reservados

O chanceler cubano Bruno Rodríguez e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reuniram-se hoje (14), após a cerimônia histórica de reabertura da Embaixada dos Estados Unidos em Havana, depois de mais de cinco décadas de rompimento de relações diplomáticas. Kerry e Rodríguez anunciaram a criação de uma comissão bilateral para definir assuntos de interesses prioritários para Estados Unidos e Cuba.

De acordo com o chanceler cubano, a comissão bilateral também abordará temas sensíveis aos dois países, como direitos humanos e democracia. “Temos visões muito diferentes em vários temas, como soberania, democracia e direitos humanos. A suspensão do bloqueio [econômico] é essencial para a normalização completa das relações”, disse Rodríguez.

“As primeiras reuniões desse comitê bilateral deverão ocorrer na primeira ou segunda semana de setembro. Uma delegação norte-americana virá a Havana”, afirmou Kerry, em entrevista coletiva no Hotel Nacional.

Bruno Rodríguez voltou a cobrar a restituição do território onde se encontra a base norte-americana de Guantánamo, além de compensação ao povo de Cuba pelos danos econômicos provocados pelo embargo econômico, financeiro e comercial imposto à ilha caribenha em 1962.

Ontem (13), o ex-presidente Fidel Castro afirmou, em artigo publicado na imprensa oficial, que os Estados Unidos devem “muitos milhões de dólares” à população de Cuba.

Na manhã desta sexta-feira, a bandeira norte-americana foi hasteada na Embaixada dos Estados Unidos em Havana, após 54 anos. O ato é considerado um marco na reaproximação dos dois países. No discurso de reabertura da embaixada, Kerry pediu a Cuba para prosseguir no caminho de uma “democracia genuína”.

Rodríguez deu as boas-vindas aos cidadãos americanos que “queiram conhecer a realidade cubana”. “Também damos as boas-vindas às empresas que queiram aproveitar as oportunidades que Cuba pode oferecer.”

Segundo diplomatas norte-americanos, antes do encontro com Rodriguez, Kerry esteve com o cardeal cubano e arcebispo de Havana, Jaime Ortega. O encontro durou cerca de 10 minutos e ocorreu na própria representação diplomática dos Estados Unidos.

Representante máximo da hierarquia católica em Cuba, o cardeal foi um dos muitos convidados para a cerimônia de reabertura oficial da Embaixada dos Estados Unidos.

O conteúdo da conversa entre Kerry e Ortega ainda não foi divulgado. Kerry é o primeiro chefe da diplomacia norte-americana a visitar a ilha caribenha em 70 anos. O último tinha sido Edward Stettinius em 1945.

Confrontos

Ao mesmo tempo em que ocorria a cerimônia em Havana, houve confrontos na cidade norte-americana de Miami, principal centro da comunidade cubana exilada nos Estados Unidos. Cerca de uma dezena de pessoas protestaram em frente ao Café Versailles, no Bairro Little Havana, local onde habitualmente se reúnem os exilados cubanos.

Os confrontos começaram quando os manifestantes atacaram um homem que exibia cartazes com mensagens a favor do regime liderado por Raúl Castro. A polícia teve de intervir para acalmar os ânimos.

Antes dos confrontos, membros da organização no exílio Vigilia Mambisa, responsável pela convocação do protesto, destruíram uma bandeira que marcava o dia 26 de julho, data da primeira ação armada da Revolução Cubana, em 1953.

*Com informações da Agência Lusa//A matéria foi alterada às 19h08 para correção de informação: Kerry e Rodríiguez deram entrevista no Hotel Nacional, e não na embaixada americana

Edição: Armando Cardoso

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