Taxa de mortalidade infantil em Gaza aumenta pela primeira vez em meio século

Publicado em 11/08/2015 - 10:00 Por Da Agência Lusa - JERUSALÉM

A mortalidade infantil aumentou na Faixa de Gaza pela primeira vez em 50 anos, disse o diretor do programa de Saúde da Agência da Organização das Nações Unidas de Assistência a Refugiados Palestinos (Unrwa), Akihiro Seita, à agência de notícias EFE, para quem o bloqueio de Israel pode ser uma das causas.

O número de bebês que morre antes de completar um ano diminuiu em Gaza durante décadas – assim como no resto da região – mas, segundo o último estudo do Unrwa, a taxa aumentou entre 2008 e 2013. Em 1960 morriam na Faixa de Gaza 127 bebês para cada mil nascidos. Em 2008 o valor baixou para 20,2 bebês para cada mil, mas aumentou para 22,4 em 2013, segundo os dados mais recentes.

A mortalidade neonatal – bebês que falecem antes de completar um mês de vida – também aumentou de 12 para cada mil em 2008 para 20,3 em cada mil em 2013.

Estamos muito preocupados com o resultado do estudo. Uma tendência inversa na taxa de mortalidade é algo extremamente incomum. Independentemente do motivo, os recém-nascidos não têm culpa, têm direito a viver em paz e prosperidade”, disse Seita.

O especialista associa o aumento da mortalidade infantil, especialmente a neonatal, com a deterioração dos cuidados hospitalares. “O maior aumento das mortes foi registado antes do nascimento ou devido a nascimentos prematuros ou malformações congênitas, que necessitam de cuidados especiais”, explica.

Seita garante que a Unrwa “está muito preocupada com o impacto do bloqueio a longo prazo sobre as instalações de saúde, a chegada de medicamentos e de equipamentos médicos a Gaza", embora admita que cientificamente é muito difícil demostrar a relação do bloqueio com a tendência negativa da taxa de mortalidade infantil.

O que de fato está claro, garante, é que os dados sobre a mortalidade mostram “a deterioração da situação geral de bem-estar na Faixa de Gaz e o bloqueio é uma das maiores causas".

A Unrwa realiza este estudo a cada cinco anos (o próximo seria em 2018), mas diante dos resultados registrados, vai repeti-lo este ano em Gaza.

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