Dissidentes denunciam detenções e prisões em Cuba durante visita do papa

Publicado em 20/09/2015 - 15:21 Por Da Agência Lusa - Havana

Alguns dissidentes cubanos aproveitaram a chegada do papa Francisco a Cuba para denunciar dezenas de detenções e de prisões domiciliárias de opositores ao regime de Raúl Castro. Hoje (20), o pontífice celebrou a primeira de três missas previstas na ilha.

A líder do movimento dissidente Damas de Branco, Berta Soler, disse ter sido detida temporariamente ontem (19), antes da chegada de Francisco. Ela também disse ter sido presa por algumas horas no dia de hoje, quando se encontrava com mais 22 elementos do movimento e com o seu marido, o ex-preso político Ángel Moya, para assistir à missa papal.

“Saímos da sede do [movimento] 23 Damas de Branco às 5h da manhã para podermos chegar à praça [onde o papa celebrou a missa] e fomos todos presos“, contou Berta Soler a agências de notícias por telefone, já em casa e depois de ter estado detida várias horas numa esquadra de Alamar, zona onde mora.

A dissidente acrescentou que recebeu relatos de prisões semelhantes por parte dos seus companheiros da província de Matanzas, Villa Clara, Guantânamo, assim como de Holguín e Santiago de Cuba, as outras duas dioceses que o papa Francisco vai visitar durante a sua estadia de quatro dias na ilha.

Soler disse ainda ter sido convidada por um funcionário da Nunciatura para saudar a chegada do papa, no sábado, na embaixada do Vaticano em Havana, onde Francisco está hospedado nos dois primeiros dias de visita. O movimento Damas de Branco é um grupo formado por mulheres e filhas de 75 homens presos na Primavera Negra de 2003 em Cuba.

Na sua primeira missa em solo cubano, perante milhares de pessoas, o papa Francisco pediu hoje para que se defendam os mais fracos da sociedade. Ele ressaltou que o mais importante “é servir ao povo e não às ideologias”.

“O serviço nunca é ideológico, uma vez que não se serve de ideias, mas antes às pessoas”, disse o papa diante o Presidente de Cuba, Raúl Castro, e perto do grande símbolo exposto neste local: a imagem do líder revolucionário Che Guevara construída na fachada do edifício do Ministério do Interior.

O papa, que seguiu depois no papamóvel para saudar os milhares de presentes, que o aguardavam desde madrugada, disse ainda na sua homilia que o povo cubano “tem vocação de grandeza” e que deve cuidar sobretudo ao serviço aos mais frágeis.

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