Ministro da Fazenda da Argentina diz que inflação de um dígito só em 2018

Publicado em 13/01/2016 - 23:55 Por Monica Yanakiew - Correspondente da EBC - Buenos Aires

O ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay, anunciou nesta quarta-feira (13) que a prioridade do novo governo é reduzir a inflação anual para 20 a 25% este ano. Segundo ele, o custo de vida argentino sofreu um aumento de 30% em 2015 (o segundo maior na América Latina, depois da Venezuela) e os argentinos só voltarão a ter um índice inflacionário de um digito em 2018.

Em entrevista coletiva, Prat-Gay criticou a herança deixada pela ex-presidenta Cristina Kirchner, que, em 2007, sucedeu o marido Néstor Kirchner e concluiu seu segundo mandato no ultimo dia 10 de dezembro. O ministro afirmou que Cristina deixou para seu sucessor, Mauricio Macri, um “Estado vazio”, depois de “oito anos de inflação acima dos 20%” e um déficit fiscal de 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Este ano, Prat-Gay pretende reduzir o déficit fiscal para 4,8% e equilibrar as contas até 2019, quando termina o mandato de Macri. "Uma das medidas será a redução dos subsídios à eletricidade, gás e transporte publico, que beneficiam apenas os moradores de Buenos Aires e arredores. Os gastos com esses subsídios (que não estão relacionados aos subsídios dos planos sociais) representam quatro pontos do PIB", disse o ministro.

O ministro disse ainda que a Argentina tem de solucionar o conflito com os credores, cuja minoria não aceitou os dois pacotes de renegociação da divida externa, após o calote de 2001. 

A grande maioria (93%) aceitou receber cerca a metade em prazos de até 30 anos. Mas os chamados fundos abutres (que representam 1%) compraram papéis baratos, depois da moratória, e entraram na Justiça norte-americana para obter a totalidade, sem desconto.

Um juiz de Nova York deu sentença favorável aos fundos, que foi validada pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Cristina Kirchner ignorou a decisão judicial, alegando que a legislação argentina proíbe oferecer condições melhores à minoria dos credores que não aderiu às propostas de renegociação. O juiz Thomas Griesa reagiu bloqueando os pagamentos argentinos da dívida reestruturada até que o país acerte as contas com os fundos abutres.

Nesta quarta-feira, representantes do novo governo viajaram a Nova York para retomar as negociações com os fundos abutres. De acordo com o ministro, somando os juros, a dívida em discussão é de US$ 9.9 bilhões. “Não esperem dessa reunião uma solução ou uma proposta concreta”, adiantouou. Segundo ele, a situação é complexa e esse primeiro encontro será para entender a posição dos credores, que tiveram ganho de causa na Justiça, e estudar as possibilidades de um acordo “razoável”.

Em entrevista à Agência Brasil, o economista Gaston Rossi explicou que, além desse grupo, existem outros 6% que não aderiram aos planos de reestruturação. Alguns recorreram à Justiça e outros não. “Mas o governo terá de encontrar um acordo que contemple todos, de modo a solucionar de vez o problema.” Segundo Rossi, enquanto a questão estiver pendente,a Argentina não conseguirá colocar papéis da dívida no mercado internacional ou o fará a taxas de juros muito elevadas.

Amanhã (14), o chanceler brasileiro Mauro Viera se encontrará com a chanceler argentina Susana Malcorra, em Buenos Aires. Será a quarta reunião entre os dois desde a posse de Macri. No primeiro mês de governo, o novo presidente eliminou a principal travas às importações, que era questionada tanto pelos empresários brasileiros quanto pela própria Organização Mundial do Comercio (OMC) e acabou também com os limites as operações cambiais, em vigor desde 2011.

Edição: Armando Cardoso

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