Relembre a trajetória de confronto entre governo da Colômbia e as Farc

Publicado em 26/09/2016 - 20:52 Por Da Agência Ansa - Bogotá

Após mais de 50 anos, chegou ao fim nesta segunda-feira (26) o mais sangrento conflito interno da América Latina com a assinatura de um acordo de paz entre as autoridades de Bogotá e os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). As informações são da Agência Ansa

Confira cronologia do grupo:

No final dos anos 1940, a Colômbia passou por um período de conflitos entre liberais e conservadores conhecido como La Violencia. Milhares de pessoas morreram e muitos grupos de camponeses se uniram aos comunistas para se armar e se defender; era a origem do grupo.

1964 - Após um ataque militar, é criado oficialmente o grupo guerrilheiro. De orientação marxista, seus militantes defendiam a implementação de um Estado socialista e da reforma agrária.

1978 - É instituído o Secretariado, organizando ainda mais a direção das Farc e abrindo caminho para um crescimento sem precedentes nos anos seguintes. Até os anos 1980, o grupo cresce de forma relativamente lenta, contando com cerca de mil homens. A partir desta década, no entanto, o grupo cresce muito, tornando-se uma das maiores ameaças ao governo, especialmente após seu envolvimento com o narcotráfico para poder financiar suas atividades. O grupo vai perdendo popularidade, no entanto, especialmente após uma onda de sequestros, extorsões, torturas e atentados, que deixaram milhares de civis mortos.

1990 – Morre Jacobo Arenas, de causas naturais. Ele era considerado o principal líder e idealizador do grupo. As Farc continuam a crescer com as atividades ilegais.

2000 – O governo dos Estados Unidos envia bilhões de dólares para financiar operações contra o narcotráfico e as ações insurgentes no chamado Plano Colômbia. A ação ajuda a enfraquecer o grupo e resulta na morte de diversos de seus comandantes.

2008 - As Farc, que costumavam sequestrar fazendeiros, políticos e soldados, que algumas vezes chegavam a ficar presos por anos, liberta a ex-candidata a Presidência Ingrid Betancourt, meses após sua ex-aliada Clara Rojas, que teve um filho durante o cativeiro. O menino, chamado Emmanuel, permaneceu desaparecido por anos, após ser entregue a camponeses. Neste mesmo ano morre Raúl Reyes, número dois do grupo, em ação das tropas colombianas no Equador. Meses mais tarde, morre o líder histórico Manuel Marulanda, conhecido como Tirofijo, após um infarto. Ele é substituído por Alfonso Cano.

2011 - Cano morre em uma operação militar.

2012 - O presidente Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa, confirma o início das negociações de paz em Havana sob o intermédio de Cuba e Noruega. Morte de líderes e avanços do Exército haviam enfraquecido o grupo.

2013 - Santos ameaça deixar as negociações se não forem apresentados avanços nas conversas. Seis meses após o início dos diálogos, partes envolvidas anunciam acordo sobre primeiro ponto da agenda: a política de desenvolvimento agrário. Até o final do ano, o segundo ponto – a participação política dos membros das Farc –, também seria acordado. Em agosto, pela primeira vez as Farc admitem que, ao longo do conflito, foram deixadas vítimas e pedem a criação de uma Comissão da Verdade sobre os crimes de lesa humanidade cometidos.

2015 - O governo de Bogotá e as Farc anunciam, no final do ano, um acordo sobre a espinhosa questão das consequências judiciais do conflito, o que abre caminho para colocar um fim definitivo ao caso. A questão era um dos principais entraves das negociações de paz entre os dois lados e um acordo é anunciado para o dia 23 de março, seis meses mais tarde.

2016 - Acordo previsto para março é postergado indefinidamente. Meses mais tarde, no entanto, Santos fala em uma nova data, até 20 de julho, que novamente não é respeitada. Em 23 de agosto, as autoridades de Bogotá e os guerrilheiros concluem as negociações de paz, após mais de três anos de conversas. Dias mais tarde tem início cessar-fogo bilateral, algo que não acontecia desde 1984. Assinatura de acordo é marcada para 26 de setembro em Cartagena das Índias em cerimônia que contará com a presença de diversos líderes da região.

É convocado para o dia 2 de outubro um plebiscito em que a população decidirá se aprova o acordo alcançado com os guerrilheiros.

Desde que as Farc foram criadas, no começo dos anos 1960, estima-se que o conflito com Bogotá tenha deixado mais de 220 mil mortos, quase 50 mil desaparecidos e 6,6 milhões de deslocados.

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