Itamaraty vê com preocupação escalada do conflito militar na Síria

Publicado em 07/04/2017 - 16:42 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O Ministério de Relações Exteriores manifestou hoje (7) “preocupação” com o agravamento do conflito militar na Síria, após os bombardeios norte-americanos a uma base aérea do país na noite de ontem (6). Em nota divulgada à imprensa, o Itamaraty também reiterou “sua consternação com as notícias de emprego de armas químicas no conflito sírio” e cobrou investigações que apontem os responsáveis pelo uso desse tipo de armamento, além das devidas punições.

“A solução para o conflito sírio requer diálogo efetivo e pleno respeito ao direito internacional. Nesse contexto, renovamos o apoio às tratativas conduzidas em Genebra sob a égide das Nações Unidas e com base nas resoluções do Conselho de Segurança”, diz o texto.

O Itamaraty informou ainda que tem mantido contato com a comunidade brasileira na Síria e que não há registro de brasileiros entre as vítimas do ataque.

Repercussões

Senadores que compõem a Comissão de Relações Exteriores do Senado também se manifestaram a respeito dos bombardeios. O líder da Minoria, senador Humberto Costa (PT-PE), criticou a ação do presidente Donald Trump. Para Costa, não há ainda provas de que o ataque com armas químicas tenha partido do governo sírio. “É uma decisão de retaliar, de atacar um outro país, especialmente nas suas Forças Armadas, é um ato que exige absoluta certeza [sobre] de quem partiu aquela ação inicial que gera a retaliação. Não há ainda uma confirmação definitiva, que poderia ser feita pela Organização das Nações Unidas”, disse o senador.

Ele ressaltou ainda que a decisão foi tomada sem a aprovação do Congresso Nacional  dos Estados Unidos, “demonstrando que o presidente Trump não pretende cumprir adequadamente, não somente a legislação internacional, mas também a legislação norte-americana. Esse é um precedente muito grave, principalmente para alguém que tem sempre impulsos muito agressivos, como é o presidente Trump”, concluiu Humberto Costa.

Já o presidente nacional do DEM, José Agripino (RN), também integrante da Comissão de Relações Exteriores, qualificou de “tragédia mundial” o que acontece na Síria. Para ele, a investida norte-americana “vai transformar o que era um fato internacional sob controle, em um fato de que se pode perder o controle no âmbito internacional”.

Agripino ressaltou que o ato vai exigir tomada de posição de outras potências mundiais e também de atores que tenham condição de “fazer opinião no mundo”, o que, segundo ele, é o caso do Brasil. “A Comissão de Relações Exteriores precisará adotar com brevidade uma reunião para debater o assunto e para tomar uma posição em nome da paz e em nome do equilíbrio do mundo inteiro, que neste momento vê com inquietação o caso da Síria e com inquietação maior ainda o ataque dos Estados Unidos ao território sírio”, disse o senador.

O líder do PSDB, senador Paulo Baeur (SC), disse que a ação dos Estados Unidos foi “forte", causou impacto e "coloca o mundo civilizado e o mundo que deseja a paz de prontidão”. Bauer demonstrou preocupação com o fato de que, embora alguns países declarem apoio à ação norte-americana, como a França e a Alemanha, outros manifestaram-se contra, por serem aliados da Síria, como a Rússia.

“Nós, brasileiros, que somos de um país de paz e que promove a paz, desejamos que este fato tenha sido apenas um alerta para que o governo Sírio decida-se de uma vez por todas sobre o que fazer e como fazer para que aquele país tenha democracia. Nós temos que aguardar um pouco, mas vamos torcer para que a paz seja alcançada na sua totalidade”, acrescentou Bauer.

Edição: Amanda Cieglinski

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