Mugabe resiste à pressão de militares para deixar governo do Zimbábue

Ele reafirma que é o único governante legítimo do país

Publicado em 16/11/2017 - 08:14 Por MacDonald Dzirutwe*, da Agência Reuters - Harare

 O presidente Robert Mugabe insiste que é o único governante legítimo do Zimbábue, disse uma fonte de inteligência nesta quinta-feira (16), e está resistindo à mediação de um padre católico que visa a conceder ao ex-guerrilheiro, de 93 anos, uma saída honrosa na esteira de um golpe militar.

O padre Fidelis Mukonori está atuando como intermediário entre Mugabe e os generais, que tomaram o poder nessa quarta-feira (15) por meio de uma operação direcionada a "criminosos" ligados ao presidente, disse uma fonte política de alto escalão à Reuters.

A fonte não pôde dar detalhes das conversas, que parecem buscar uma transição suave e pacífica após a saída de Mugabe, que comanda o Zimbábue desde sua independência em 1980.

Visto ainda por muitos africanos como herói da libertação, Mugabe é repudiado no ocidente, que o vê como um déspota, cujas desastrosas medidas econômicas e disposição de recorrer à violência para se manter no poder destruíram um dos Estados mais promissores da África.

Relatos da inteligência zimbabuana vistos pela Reuters levam a crer que o ex-diretor de segurança Emmerson Mnangagwa, demitido da Vice-Presidência no mês passado, está elaborando uma visão pós-Mugabe para o país com os militares e a oposição há mais de um ano.

Alimentando a especulação de que tal plano pode estar sendo acionado, o líder opositor Morgan Tsvangirai, que está sendo tratado de câncer no Reino Unido e na África do Sul, voltou à capital Harare na noite de ontem, disse seu porta-voz.

A África do Sul informou que Mugabe relatou ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, por telefone, que está confinado à sua casa, mas que de resto está bem e que os militares o estão mantendo e a sua família, inclusive a mulher Grace, em segurança.

Apesar da admiração ainda existente por Mugabe, o povo é pouco afeito a Grace, de 52 anos, ex-datilógrafa do governo que começou um caso com Mugabe no início dos anos 90, enquanto sua primeira mulher, Sally, era afetada por uma doença renal.

Apelidada de "DisGrace" ou "Gucci Grace" devido à sua preferência por marcas famosas, ela teve uma ascensão meteórica nas fileiras do partido governista do marido, o Zanu-PF, nos últimos dois anos. Isso levou à demissão de Mnangagwa uma semana atrás -- uma manobra que se acredita ter sido realizada para abrir caminho para Grace suceder Mugabe.

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