Substituto de Mugabe anuncia começo de nova democracia no Zimbábue

Publicado em 22/11/2017 - 17:40 Por Da EFE* - Harare

Ex-vice-presidente do Zimbábue e tropas ao fundo

Emmerson Mnangagwa era vice-presidente de Robert MugabeArquivo/EPA/EFE

O ex-vice-presidente do Zimbábue Emmerson Mnangagwa, escolhido presidente temporário do país após a renúncia de Robert Mugabe, afirmou hoje (22) aos seus simpatizantes que eles serão testemunhas do começo de uma nova democracia.

Em seu primeiro discurso após ser escolhido para o cargo pelo partido governante, a União Nacional Africana do Zimbábue (Zanu-PF), Mnangagwa agradeceu pela disciplina e o pacifismo mostrados nos últimos dias pelos cidadãos do país, a quem prometeu crescimento econômico, paz e trabalho.

"Com a cooperação e o apoio de nossos amigos na região, na África e fora do continente, conseguiremos fazer nossa economia crescer", afirmou o novo presidente, citando a grave crise no país, que perdeu até sua própria moeda após a hiperinflação de 2008.

Mnangagwa tomará posse na sexta-feira às 10h locais (6h em Brasília). Apesar de ainda não ter assumido oficialmente o cargo, ele já conversou com alguns líderes mundiais, entre eles o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que elogiaram a atitude dos cidadãos do Zimbábue durante o processo que culminou na renúncia de Mugabe.

"As tentativas para fazer o processo descarrilar foram intensas, mas não prosperaram porque a vontade do povo sempre se impõe", disse o ex-vice-presidente no discurso.

O veterano político, de 75 anos, agradeceu também ao Exército pela "forma pacífica" com que conduziu o processo até a renúncia definitiva de Mugabe. Além disso, Mnangagwa afirmou que manteve "contato constante" com os comandantes das Forças Armadas.

No breve discurso, ele disse que teve informações sobre planos para assassiná-lo apenas duas horas depois de ele ser afastado da Vice-Presidência do país, em 6 de novembro.

A renúncia de Mnangagwa foi forçada pela facção do Zanu-PF comandada pela então primeira-dama, Grace Mugabe, que visava se tornar a sucessora do marido no poder.

"Disse a mim mesmo que não deveria esperar que me eliminassem, mas que tinha que sair às ruas com o povo do Zimbábue e da Zanu-PF para fazer ouvir nossas vozes", ressaltou.

Segundo Mnangagwa, o grupo da ex-primeira-dama "sequestrou o governo por meio do nosso presidente".

"As ordens não vinham do governo, mas de gente que estava fora dele", afirmou o presidente provisório, que chegou ao país de avião depois de se exilar na África do Sul.

Mugabe, de 93 anos, renunciou ontem à Presidência do Zimbábue, após permanecer 37 anos no poder.

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