Opositores se aliam para novos protestos e por eleições justas na Venezuela

Publicado em 09/03/2018 - 06:35 Por Da Agência EFE* - Caracas

Forças sociais e políticas que se opõem ao governo do presidente Nicolás Maduro se uniram nessa quinta-feira (8) na chamada "Frente Ampla Venezuela Livre", que tem como objetivo uma mudança política, democrática e pacífica no país.

"Propomos uma ampla aliança que exija eleições livres e justas para mudar e nos reconciliar em uma Venezuela sem assassinados, sem presos políticos, nem exilados nem perseguidos", diz o manifesto apresentado pela plataforma.

O documento foi lido pela presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela (FCU-UCV), Rafaela Requesens, para um auditório no qual estavam presentes políticos como Henrique Capriles e Henry Ramos Allup, assim como Lilian Tintori, esposa do opositor preso Leopoldo López.

Rafaela afirmou que os presentes se unem para "resgatar a democracia", mudar o presidente e "o modelo anticonstitucional" e convidou "as diferentes organizações nacionais, regionais e locais" a se somarem à iniciativa.

A presidente da FCU-UCV defendeu a recusa dos integrantes desse novo movimento de participar das eleições presidenciais de 20 de maio, convocadas pela "ilegítima" Assembleia Nacional Constituinte, órgão plenipotenciário composto só por aliados de Maduro, que decretou a realização antecipada das eleições.

"Dizemos não à falsa eleição de 20 de maio e sim à eleição presidencial livre, justa e transparente em 2018, sem repressão, presos políticos, exilados inelegíveis".

Nesse sentido, Rafaela ratificou a Assembleia Nacional (Parlamento), de maioria opositora, "eleita pelo voto popular e universal", como a "instituição legítima que deve ser respeitada e reconhecida com todas as suas atribuições constitucionais".

Além disso, afirmou que para a "construção democrática do futuro" do país deve-se "incluir os integrantes das Forças Armadas" e reconheceu "o importante papel dos partidos políticos nesse grande encontro nacional da sociedade civil", que ocorreu em um teatro no município de Chacao, ao nordeste de Caracas.

Rafaela agradeceu aos países "democráticos" da América Latina e do mundo, que "oferecem permanentemente solidariedade política e humanitária, necessárias ao extraordinário esforço de reconstrução democrática que os venezuelanos devem fazer juntos".

"Precisamos sair dessa tragédia sem nos matar entre irmãos e guiados pela Constituição e isso não é possível, nem será, sem um grande encontro entre os venezuelanos mais diversos", argumentou.

Como primeira ação de rua, a Frente Ampla Venezuela Livre convocou uma marcha para a próxima segunda-feira (12) até a sede da ONU em Caracas, para solicitar à organização que "não se preste a validar a fraude" das eleições marcadas para maio.

A ideia da mobilização é mostrar a governos e organismos internacionais "o não reconhecimento do processo fraudulento convocado para 20 de maio", pois os integrantes dessa frente não reconhecerão "alguém que surgir de uma fraude eleitoral".

Três dos cinco candidatos às eleições de 20 de maio combinaram solicitar à ONU, no dia da candidatura oficial, que envie uma delegação de acompanhamento e de observação eleitoral para as eleições, uma possibilidade rejeitada hoje por esse movimento e, há alguns dias, pela principal coalizão opositora, a Mesa da Unidade Democrática (MUD).

A ONU ainda não respondeu ao pedido que, segundo Maduro, está sendo sabotado pelo governo dos Estados Unidos.

Os opositores também convocaram para 17 de março um "protesto nacional e mundial contra a fraude e pelo direito dos venezuelanos de escolher".

Na leitura das linhas de ação que o novo movimento aplicará, está indicado que "serão desenhados e implementados mecanismos de consulta pública aos cidadãos" como "parte da estratégia e luta pelo seu direito a ter eleições a sério".

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