Pesquisa dos EUA mostra que anticorpos evitam contágio de zika em mães

Publicado em 24/04/2018 - 12:15 Por Agência EFE - Miami

Um tratamento que consiste em injetar anticorpos de mulheres infectadas pelo vírus zika em primatas grávidas conseguiu evitar o contágio da mãe, mas não o do feto, informou nesta terça-feira (24) a Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami, nos Estados Unidos. A informação é da Agência EFE.

"Prevenir a infecção da mãe pode ser mais fácil que encontrar um tratamento para o feto", assinalou David Watkins, um dos pesquisadores principais do estudo.

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O número de casos de bebês com defeitos de nascimento relacionados com a zika aumentou 21% na segunda metade de 2016 em áreas onde houve transmissão local do vírus nos Estados Unidos - Arquivo Agência Brasil

O cientista afirmou que a pesquisa evidencia que os exames do vírus Zika nas mães nem sempre mostram "se o feto está ou não infectado".

O pesquisador Diogo Magnani detalhou que injetou em três macacas rhesus grávidas um coquetel de anticorpos provenientes de uma paciente que contraiu zika no Brasil e, após isso, houve uma alta taxa de complicações no desenvolvimento fetal.

A zika, uma doença virótica que é contraída principalmente pela picada de mosquitos, mas também pode ser transmitida por via sexual, acendeu um alerta em todo mundo devido à sua propagação em 36 países, principalmente na América Latina, em 2016.

Magnani, que publicou recentemente um estudo sobre o tema na revista Nature, detalhou que o vírus isolado de mulheres grávidas no Rio de Janeiro causou infecção fetal em macacas prenhas.

O coquetel de anticorpos foi "efetivo para eliminar o vírus do sangue das mães, mas não foi suficiente para eliminar o vírus Zika do líquido amniótico", detalhou Magnani.

"É possível que os anticorpos não atravessem a placenta em concentrações suficientes para bloquear o vírus", acrescentou o especialista.

A infecção resultou na passagem do vírus para o líquido amniótico, o que provocou a morte do feto.

Por outro lado, os pesquisadores descobriram que não houve mutações do vírus ou outros fatores envolvidos nesses resultados.

Os cientistas determinaram que é necessário desenvolver tratamentos específicos para impedir a transmissão da mãe para o feto e tratar os fetos infectados.

As pesquisas contaram com o apoio dos National Institutes of Health (NIH) dos EUA, da Fundação Bill e Melinda Gates, da Jacobson Jewish Community Foundation (JJCF), e da Fundação Clarence Wolf Jr. e Alma B. Wolf.

As mulheres, principalmente as grávidas e em idade reprodutiva, continuam sendo o principal foco de atenção para as autoridades, devido ao vínculo entre o vírus da Zika e os defeitos congênitos nos bebês como a microcefalia.

O número de casos de bebês com defeitos de nascimento relacionados com a zika aumentou 21% na segunda metade de 2016 em áreas onde houve transmissão local do vírus nos Estados Unidos, segundo os dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

 

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