Sobe para 45 o número de mortos em protestos contra governo de Ortega

Violência volta após dez dias de manifestações sem mortes na Nicarágua

Publicado em 03/05/2018 - 17:00 Por Da Agência EFE - Manágua

O número de mortos durante os protestos contra o governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, nos últimos 16 dias chega a 45, a maioria ocorrida entre 18 e 22 de abril, informou nesta quinta-feira (3) o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

A lista chegou a 45 vítimas, a maioria estudantes universitários, mas não inclui um estudante universitário que aparentemente faleceu na madrugada desta quinta-feira após um ataque da organização governista Juventude Sandinista e da Polícia Nacional contra a Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli).

Embora na Nicarágua se fale de até 63 mortos, o Cenidh sustenta que sua lista é mais discreta devido ao rigor com que trabalha, já que somente confirma uma morte depois de verificar as listas de vítimas com os corpos, atas de falecimento e com as versões dos parentes, já que há pessoas que foram detidas ou desapareceram durante os protestos.

Após cinco dias de ataques e dez de manifestações pacíficas devido à ausência da Juventude Sandinista nas ruas, a violência retornou nesta madrugada com os fatos ocorridos na Upoli.
 

Protestos na Nicarágua
Protestos na Nicarágua contra a reforma da Previdência Social querem agora a renúncia do presidente Ortega (EFE/Jorge Torres/Direitos Reservados)

A Nicarágua atravessa uma crise há três semanas, devido a grandes manifestações contra Ortega, que iniciaram por reivindicações a uma reforma na Previdência Social e continuaram apesar de o líder ter revogado sua decisão, devido às múltiplas mortes causadas pela repressão.

Nos fatos violentos morreram dois policiais, um adolescente e um jornalista, houve saques, destruição de edifícios e de infraestruturas públicas, assim como a eliminação de símbolos do partido governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Os nicaraguenses querem a renúncia de Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, a quem acusam de liderar um governo corrupto, repressor, indolente e violador dos direitos humanos e da Constituição do país.

A população da Nicarágua também se revoltou contra o líder por supostos fraudes eleitorais, pelas contínuas altas dos combustíveis, a atuação impune da polícia, as mortes sem explicação de camponeses que se opunham ao governo e o discurso oficial de "paz e reconciliação", que supostamente não é a realidade do país, entre outros.

A Nicarágua está à espera de um diálogo nacional entre o governo e o setor privado, com a mediação da Igreja Católica. No entanto, nas ruas, a população reivindica a renúncia de Ortega como presidente.

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