Dólar segue em alta na Argentina, após troca de comando do BC

Publicado em 15/06/2018 - 20:21 Por Monica Yanakiew – Repórter da Agencia Brasil - Buenos Aires

Os argentinos viveram um dia de incerteza, nesta sexta-feira (15). O dólar continuou subindo, apesar do novo presidente do Banco Central, Luis Caputo, ser um homem conhecido pelo mercado financeiro, e de o país receber, na próxima semana, um desembolso de US$ 7,5 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Caputo, que até ontem era ministro das Finanças, substituiu Federico Sturzenegger, que pediu demissão na quinta-feira (14), alegando ter perdido a credibilidade para continuar ocupando o cargo.

"É evidente que vamos ir baixando a volatilidade no mercado de câmbio”, disse o novo Ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, em entrevista coletiva hoje (15). Ele garantiu que, as mudanças no Banco Central “não afetarão o plano econômico do presidente Mauricio Macri”.

Pesos argentinos
Ontem, a moeda norte-americana voltou a subir e o peso argentino perdeu 6% de seu valor - Fotos digitales/Direitos reservados

Há uma semana, Dujovne e Sturzenegger anunciaram o plano do econômico, que tinha o aval do FMI – pré-requisito para poder fechar o acordo. O empréstimo preventivo (que não será necessariamente usado) e dividido em parcelas, a serem liberadas a cada três meses, se o país cumprir determinadas metas.

A Argentina prometeu reduzir o déficit fiscal para 2,7% este ano e 1,3% em 2019. Mas o maior desafio é a inflação, que supera os 20% e, segundo alguns economistas, pode inclusive chegar a 30% até o final do ano. O governo se comprometeu a reduzi-la a 17% até o final de 2019. Só que o aumento do dólar tem um forte impacto sobre o índice de custo de vida dos argentinos.

Há pelo menos cinco décadas, os argentinos poupam em dólares, que guardam fora do sistema financeiro, em cofres nos bancos ou em casa. Em um país que ja viveu muitas crises, a moeda norte-americana é considerada a melhor forma de proteger o dinheiro da inflação. Quando há incertezas, o dólar sobe e os preços também, contribuindo para a espiral inflacionária.

Foi para conter uma disparada do dólar, em maio, que o governo recorreu ao FMI e obteve um empréstimo stand-by de US$ 50 bilhões. Mas na quinta-feira (14), a moeda norte-americana voltou a subir e o peso argentino perdeu 6% de seu valor. O dia terminou com a renúncia de Sturzenegger e a nomeação de Caputo para seu lugar. Os mercados hoje abriram com o dólar mais baixo: 27,50 pesos. Mas logo depois subiu para 28,80 pesos – acima do valor do dia anterior.

“É um sinal de que, mesmo trocando de presidente do Banco Central, o governo carece de credibilidade, porque diz que vai fazer uma coisa, e depois faz outra”, disse o economista Alan Cibils, em entrevista a Agência Brasil. Ele citou como exemplo o fato de o governo ter dito que vai manter a política de cambio flutuante, mas ao mesmo tempo intervir no mercado quando o dólar começa a subir.

O governo de Macri enfrenta outro problema: não tem maioria no Congresso e está sendo pressionado pelos sindicatos, que exigem aumentos salariais equivalentes superiores a 20%, para fazer frente à inflação.

Edição: Denise Griesinger

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