Relatório diz que mau atendimento causou mortes de imigrantes ilegais

Publicado em 20/06/2018 - 08:38 Por Agência EFE - Washington

Mais da metade das mortes dos imigrantes ilegais sob custódia das autoridades do setor nos Estados Unidos, nos últimos meses, ocorreram por falta de atendimento médico, revelou nesta quarta-feira (20) um relatório da Human Rights Watch (HRW) e de outras organizações de direitos humanos.

O relatório examina 15 das 16 mortes relatadas em um período de 16 meses, entre dezembro de 2015 e abril de 2017, sob a responsabilidade do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE), agência que não detalhou as causas da última morte.

A conclusão da investigação feita pela HRW, The American Civil Liberties Union, Detention Watch Network e National Immigrant Justice Center foi de que oito das 15 mortes ocorreram por causa de mau atendimento médico. O relatório detalha casos como de Jose Azurdia, que morreu em dezembro de 2015 na Califórnia, depois de esperar duas horas uma transferência para um hospital após apresentar sintomas de um infarto, ou Moisés Tino, que sofreu dois ataques epilépticos em nove dias sem receber atendimento médico, até que caiu inconsciente.

Tino morreu em setembro de 2016, em Nebraska, sem que os médicos pudessem reanimá-lo.

"O ICE provou ser incapaz ou não está disposto a fornecer assistência médica adequada às pessoas que detém", disse Clara Long, investigadora da HRW, em comunicado.

"Os centros de detenção de imigrantes são lugares perigosos, com vidas em perigo e pessoas morrendo. O número de mortes acumuladas pelo ICE é inaceitável e mostra que não se pode confiar que cuidem dos imigrantes sob sua custódia", disse Silky Shah, diretora executiva da Detention Watch Network.

Desde março de 2010, morreram 74 imigrantes ilegais sob custódia do ICE, embora apenas 52 detalhes tenham sido oferecidos, segundo a HRW.

Em 2017, foram registradas 12 mortes, mais que em nenhum outro ano desde 2009.

O ICE mantém sob sua custódia uma média de 40.500 detidos diários, número que o governo de Donald Trump pretende ampliar para 52 mil, segundo dados do relatório.

"Os esforços do governo Trump para expandir drasticamente o já volumoso sistema de detenção de imigrantes só colocarão em risco mais pessoas", advertiu Long. 

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