Cientistas afirmam que Lua foi habitável há 4 bilhões de anos

Publicado em 23/07/2018 - 21:27 Por Agência EFE - Washington

Um grupo de pesquisadores determinou que as condições na superfície da Lua foram suficientes para suportar formas de vida simples há 4 bilhões de anos, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (23) pela revista especializada Astrobiology.

Além disso, os cientistas concluíram que houve outro período de habitabilidade há 3,5 bilhões de anos durante um pico na atividade vulcânica da Lua.

Durante as duas épocas, o autor principal, Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da Universidade Estadual de Washington, comprovou que a Lua liberou grandes quantidades de gases voláteis superaquecidos, incluindo vapor de água, desde o seu interior.

Esta desgaseificação, de acordo com os pesquisadores, poderia ter formado poças de água líquida na superfície lunar e uma atmosfera densa o suficiente para mantê-la lá durante milhões de anos.

"Se água líquida e uma atmosfera significativa estiveram presentes na Lua durante longos períodos de tempo, acreditamos que a superfície lunar teria sido pelo menos transitoriamente habitável", explicou o cientista.

O trabalho de Schulze-Makuch e Ian Crawford, da Universidade de Londres, se baseia nos resultados de missões espaciais recentes e na análise de mostras de rocha lunar e solo que comprovam que a Lua não é "tão seca" como se pensava anteriormente.

Gelo na Lua

Em 2009 e 2010, uma equipe internacional de cientistas descobriu centenas de milhões de toneladas de gelo na Lua. Além disso, existe evidência de uma grande quantidade de água no manto lunar que, acredita-se, se depositou em uma etapa muito prematura.

Também é provável que o satélite natural da Terra tenha sido protegido nesse período por um campo magnético capaz de defender formas de vida na superfície dos "ventos solares mortais", de acordo com os autores.

Schulze-Makuch explicou, além disso, que a vida na Lua pode ter se originada em grande parte como ocorreu na Terra, mas o cenário mais provável é que tenha sido provocada por um meteorito.

A evidência mais antiga de vida na Terra provém de cianobactérias fossilizadas que têm entre 3,5 e 3,8 bilhões de anos. Durante esse tempo, o sistema solar foi dominado por impactos de meteoritos frequentes e gigantes.

"É possível que meteoritos que continham organismos simples como as cianobactérias tenham sido expulsos da superfície da Terra e chegado à Lua", descreveram os cientistas.

Schulze-Makuch reconheceu, no entanto, que determinar se a vida surgiu na Lua ou foi transportada de outro lugar é algo que "só pode ser abordado mediante um programa agressivo futuro de exploração lunar".

Uma linha de investigação promissora para qualquer futura missão espacial seria obter mostras de depósitos do período de maior atividade vulcânica para ver se contêm água ou outros possíveis marcadores de vida.

Além disso, seria possível fazer experiências em entornos lunares simulados na Terra e na Estação Espacial Internacional para ver se os microorganismos podem sobreviver nas condições ambientais que os cientistas acreditam que existiram na Lua.

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