Agentes turcos deixam residência de cônsul saudita com caixas e bolsas

Publicado em 18/10/2018 - 05:52 Por Agência EFE - Istambul (Turquia)

A polícia da Turquia terminou no início da manhã desta quinta-feira (18) as buscas na residência do cônsul saudita em Istambul, por causa da investigação sobre o caso do desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, ocorrido no último dia 2.

A emissora turca NTV transmitiu hoje imagens dos agentes da unidade de investigação deixando o local, por volta das 5h (hora local), carregando caixas de papelão e bolsas.

Agentes turcos deixam residência de cônsul saudita com caixas e bolsas
Agentes turcos, após buscas na residência do cônsul saudita - Erdem Sahin/EFE/Direitos reservados

Agentes turcos fizeram na última segunda-feira (15) uma operação de busca, que durou nove horas, no consulado saudita, localizado a apenas 200 metros da residência, à qual tiveram acesso ontem, depois de não ter sido possível a inspeção na terça-feira, diante da falta de cooperação das autoridades sauditas.

O cônsul Mohammed Otaibi viajou na terça-feira para Riad e, segundo informa a imprensa saudita, foi destituído do cargo.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Çavusoglu, informou ontem que o registro na residência do cônsul foi adiado, pois a família de Otaibi ainda estava no endereço.

Khashoggi, um jornalista saudita exilado nos Estados Unidos desde o ano passado e crítico da monarquia do seu país, entrou no consulado para um trâmite burocrático e não saiu mais.

No mesmo dia de seu desaparecimento, um comboio de seis veículos deixou o consulado e entrou momentos depois na residência do embaixador, segundo informações da imprensa turca, baseada nas imagens das câmeras de segurança.

O governo turco se negou a comentar os rumores surgidos na imprensa que assinalam que Khashoggi foi torturado, decapitado e esquartejado dentro do consulado.

Suposto assassino

O médico que supostamente esquartejou e assassinou o jornalista saudita Jamal Khashoggi estudou no Instituto de Medicina Legal de Victoria, na Austrália, patrocinado pelo governo de Riad em 2015, informou nesta quinta-feira a mídia australiana.

As autoridades turcas suspeitam que Khashoggi, desaparecido no último dia 2, após entrar no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, foi assassinado dentro do edifício.

O médico Salah al-Tubaigy, identificado pelas autoridades turcas como um dos 15 homens presentes no consulado durante o suposto assassinato de Khashoggi, teria transportado uma serra para cortar os ossos quando entrou e saiu de Istambul, de acordo com a emissora australiana ABC.

O aparente envolvimento de Al Tubaigy, que trabalha para o Ministério do Interior saudita, desmentiria as versões de que a morte do jornalista, crítico ao regime de Riad, tenha sido um excesso involuntário cometido durante um interrogatório.

Jamal Khashoggi foi ao consulado em Istambul para buscar alguns documentos necessários para o seu casamento, e desde então está desaparecido.

O jornal The New York Times revelou esta semana que Riad planeja reconhecer que Khashoggi morreu sob sua custódia, em um interrogatório que saiu do controle das autoridades, e que cinco dos 15 supostos envolvidos são próximos ao príncipe herdeiro.

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