Filhos de jornalista pedem investigação sobre seu desaparecimento

Publicado em 16/10/2018 - 07:28 Por Agência EFE - Cidade do Cairo

Os filhos do jornalista saudita Jamal Khashoggi, desaparecido desde o último dia 2, depois de entrar no consulado de seu país, em Istambul (Turquia), pediram hoje (16) que uma comissão "internacional, independente e imparcial" esclareça o episódio.

"Nós pedimos a formação, de maneira urgente, de uma comissão internacional, independente e imparcial, para investigar a verdade sobre o seu desaparecimento e as notícias contraditórias sobre sua morte", disseram os filhos do jornalista, através de um comunicado.

Khashoggi durante evento em Londres
 29/9/2018   Divulgação
Familiares do jornalista saudita Jamal Khashoggi, desaparecido desde o último dia 2, em Istambul, pediram que comissão "internacional, independente e imparcial" esclareça o caso (Divulgação Reuters)

Trata-se da primeira nota que os familiares próximos de Khashoggi divulgam desde que foi anunciado após seu desaparecimento, através da conta do Twitter de um dos seus filhos, Abdullah Jamal Khashoggi, e publicada pelo jornal americano The Washington Post, onde escrevia o jornalista.

"Os filhos do jornalista Jamal Khashoggi seguem com muita preocupação as notícias contraditórias sobre seu destino, após perder a comunicação com ele há duas semanas", diz a nota.

"A família agora está tentando superar a comoção e unir-se nestes momentos difíceis e se afastar da politização de seu caso”,disse.

No último dia 7 e de Riad, o conselheiro legal da família, Moatasem Khashoggi, afirmou para alguns veículos de imprensa sauditas que "a família confia no governo, as medidas tomadas, e em todos os esforços realizados sobre o caso de Jamal Khashoggi, que estão coordenados com o estado e com a embaixada em Ancara".

De acordo com a mídia americana, a Arábia Saudita planeja reconhecer que Khashoggi morreu sob sua custódia em um interrogatório que saiu do controle das autoridades no consulado saudita em Istambul.

Buscas

Agentes turcos realizaram, durante nove horas, uma ação no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, que terminou na madrugada desta terça-feira, onde buscavam pistas sobre o desaparecimento há duas semanas do jornalista.

Policiais, promotores e legistas turcos participaram, ao lado de analistas sauditas, da ação que teve início às 17h30 (hora local) de ontem, por parte de uma equipe da Arábia Saudita, que, duas horas depois, foi acompanhada por agentes turcos.

As duas equipes deixaram o edifício às 4h25 (hora local), sem fazer declarações.

O jornal Hurriyet informa que, durante a busca no local, as luzes do andar superior foram todas apagadas e foi possível ver que, no interior do prédio, os agentes ativaram uma luz ultravioleta usada pela perícia para procurar impressões digitais na cena do crime.

DNA e Luminol

Segundo a emissora CNNTurk, os analistas turcos buscaram rastros de sangue e amostras de DNA de Khashoggi, empregando essa técnica e também usando um composto químico chamado Luminol.

Todas os andares do edifício e o jardim foram inspecionados, em uma ação onde cães policiais também foram utilizados e amostras do solo coletadas.

De acordo com a CNNTurk, duas caminhonetes deixaram o local com provas recolhidas no consulado.

Khashoggi, um jornalista crítico com a monarquia do seu país, entrou no dia 2 de outubro no consulado saudita em Istambul para recolher alguns documentos, mas não saiu.

Amigos de Khashoggi têm certeza que o jornalista foi assassinado no consulado, mas Riad afirmou até agora que o repórter deixou o edifício pouco depois de entrar e nega ter responsabilidade em seu desaparecimento.

No entanto, segundo a rede de televisão americana CNN, o governo saudita prepara um relatório onde admitirá que planejava interrogar Khashoggi e levá-lo para a Arábia Saudita, mas que o jornalista foi assassinado por agentes que atuaram sem o sinal verde do reino e que serão responsabilizados por isso.

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