Idosa que pediu fim das mortes em protestos na Nicarágua é detida

Publicado em 01/10/2018 - 09:23 Por Agência EFE - Manágua

Uma mulher de 78 anos, que em julho pediu o fim das mortes nos protestos da Nicarágua, foi detida pela Polícia Nacional, quando se dirigia a uma manifestação contra o presidente Daniel Ortega.

Miriam del Socorro Matus, conhecida como La Coquito, foi detida por um grupo de agentes armados com escopetas nas imediações do Mercado Iván Montenegro, na zona leste de Manágua.

De acordo com testemunhas, que postaram o vídeo do momento da ação na internet, a idosa foi detida e imediatamente comentários de pessoas expressando indignação apareceram nas redes sociais.

Outras duas mulheres foram presas com ela. Os oficiais não explicaram os motivos da detenção, no entanto, na última sexta-feira a Polícia Nacional qualificou as manifestações contra Ortega de "ilegais".

Organismos defensores dos direitos humanos ressaltaram que a Constituição da Nicarágua estabelece que os protestos são legítimos e não precisam de permissão das autoridades.

Mais de 300 mortos

O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizou o governo por "mais de 300 mortes", além de crimes como execuções extrajudiciais, torturas, obstrução à atendimento médico, detenções arbitrárias, sequestros e violência sexual. Organizações humanitárias elevam a 512 o número de mortos, mas Ortega reconhece menos de 200.

Miriam trabalha vendendo água e biscoitos na rua e fatura cerca de US$ 2 por dia (menos de R$ 8). Ela se tornou conhecida em maio deste ano, quando deu alguns itens que vendia a manifestantes que não tinham dinheiro para pagar.

"É uma grande dor saber que estas criaturas podem ser atingidas por um tiro. Não são nada meus, mas são seres humanos, com filhos, mães, pais, famílias que sofrem e, por isso, estou do lado deles. Vejo mães perderem seus filhos por culpa de um governo que não quer deixar o poder", disse ela, em entrevista à Agência EFE, em maio.

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram abril, após uma proposta de reforma da previdência fracassar, e se transformaram em um movimento que exige a renúncia do governante, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso e corrupção.

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