Ataques a bazar e Consulado da China deixam 38 mortos no Paquistão

Publicado em 23/11/2018 - 14:18 Por Agência EFE - ISLAMABAD

O Paquistão viveu hoje (23) um dia trágico, com um atentado suicida com bomba a um bazar no noroeste do país, que deixou 31 mortos, e um ataque de grande simbolismo, com sete mortos, no Consulado da China, o principal aliado do país asiático, em Karachi. Por volta das 9h30 local (2h30, em Brasília), três homens armados começaram a atirar e jogar granadas ao tentar entrar no consulado, algo que não conseguiram, informou à Agência EFE o porta-voz da polícia da cidade, Mohammed Ishfaq.

A situação provocou um confronto entre as forças de segurança e os agressores, que se prolongou durante mais de meia hora, até que os terroristas foram mortos.

Ishfaq afirmou que os três agressores, um deles com um colete cheio de explosivos, e dois agentes da polícia morreram no ataque, e um guarda de segurança ficou ferido.

Seemi Khamali, porta-voz do Hospital Jinnah, para onde os mortos foram levados, disse à EFE que, além dos corpos de dois policiais, foram recebidos os corpos de dois civis, um pai e seu filho que tinham ido ao consulado para pedir um visto.

Pouco depois, o ministro de Relações Exteriores paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, afirmou que os agressores queriam sequestrar cidadãos chineses. "Havia cerca de 21 chineses no consulado e todos foram levados a um lugar seguro", afirmou o ministro diante da Assembleia Nacional (Câmara Baixa).

O Exército de Libertação Baluchi, que busca a independência da província sudoeste de Baluchistão, reivindicou o ataque ao consulado. "O objetivo do ataque é claro: não toleraremos a expansão militar chinesa em solo baluchi", disse o grupo em comunicado.

A China tem i grande presença em território paquistanês devido ao projeto Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), um projeto multimilionário de infraestruturas financiado por Pequim com investimento de US$ 60 bilhões. O CPEC, iniciado em 2015, financia a construção de uma rota comercial que ligará a cidade de Kasghar, na província noroeste chinesa de Xinjiang, ao porto paquistanês de Gwadar (sudoeste) no Baluchistão, dando à China uma saída para o Mar Arábico.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, afirmou, em sua conta do Twitter, que o ataque "fracassado" é uma reação aos acordos "sem precedentes" fechados em uma recente viagem à China. "O ataque tinha a intenção de assustar os investidores chineses e debilitar o CPEC", afirmou o líder, que ordenou uma investigação sobre o ocorrido.

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Geng Shuang, o governo chinês reagiu rapidamente com uma condenação ao ataque e pediu ao Paquistão que "tome medidas para garantir a segurança dos cidadãos chineses que trabalham no país",

Este não foi o primeiro ataque contra chineses em território paquistanês. Em fevereiro, um executivo chinês de uma companhia de transporte marítimo foi assassinado a tiros nas ruas de Karachi e, em junho de 2017, o grupo terrorista Estado Islâmico informou que tinha matado dois cidadãos chineses na região de Baluchistão.

Meia hora depois do ataque em Karachi, um terrorista explodiu as bombas que levava em uma motocicleta em um bazar do noroeste do país, o que provocou a morte de 31 pessoas e feriu 39, disse à Agência EFE o porta-voz da administração da região, Mohammed Danish.

Outro porta-voz da administração local, Saleem Khan, indicou que o bazar, situado na agência tribal de Orakzai, estava cheio de pessoas quando houve a explosão.

Nenhum grupo reivindicou o atentado.

O Paquistão iniciou uma operação militar nas zonas tribais do noroeste do país em 2014, na qual morreram 3,5 mil supostos terroristas, segundo dados do Exército, à qual se somaram, no ano passado, novas operações antiterroristas em outras partes de seu território.

As operações militares ajudaram a reduzir o terrorismo no Paquistão de forma substancial, mas, apesar disso, os atentados continuam acontecendo. "A guerra contra o terrorismo não acabou", disse hoje o chefe do Exército paquistanês, Qamar Javed Bajwa, durante uma visita a uma guarnição no leste do país.

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